O Jogo

UMA HORA À PROCURA DA IDENTIDADE

VIRAGEM O Brugge assumiu-se como equipa pequena e jogou em conformida­de. FC Porto demorou tempo de mais a mostrar que era o grande, mas mudou a tempo

- Textos CARLOS MACHADO

Mais do que dar a cambalhota ao marcador com uma dupla substituiç­ão, Nuno deu a volta à própria equipa e deixou-a em posição de ganhar. Brahimi e Corona entraram e foram determinan­tes

O FC Porto estava obrigado a pontuar na Bélgica para se manter na corrida ao apuramento para os oitavos de fi

nal. Ganhou com um golo justíssimo já em tempo de compensaçã­o, mas antes disso passou por momentos de aperto injustific­ados. Esta equipa portista está a crescer, mas ainda tem problemas de identidade e ontem notaramse durante um período longo de mais. Tratou-se apenas de uma questão mental: frente a um adversário que modificou a forma habitual de jogar e entrou para o campo assumindo tratar-se de uma luta entre pequeno e grande. A uma equação desse tipo, faltou ao FC Porto deixar claro bem cedo que era de facto o grande e justificav­a o medo expresso na formaco mo Michel Preud’homme montara o Brugge. A resposta demorou e até aparecer ainda foi oferecido um golo.

Os belgas entraram a jogar com três centrais, os laterais ligeiramen­te subidos, mas sem grandes devaneios ofensivos; a defender usava uma linha de quatro à frente e uma outra de cinco. O Brugge começou até por oferecer a bola e conceder algum espaço, acantonand­o-se depois no meio-campo defensivo, para sair em velocidade e tentar surpreende­r o FC Porto pelas alas, uma vez que os três médios portistas que atuavam à frente de Danilo jogavam pelo meio e só os laterais esticavam o jogo. A ideia dos belgas era exatamente essa: aproveitar as subidas dos laterais. Numa dessas tentativas, pouco depois de Casillas ter feito uma defesa monumental na sequência de um livre direto que desviou na barreira, Layún permitiu que Limbombe o deixasse para trás e construíss­e a jogada geradora do 1-0.

A insistênci­a dos portistas em jogar pelo meio esbarrava em dois trincos e três centrais, faltavam flanqueado­res, mas essa não era a arma escolhida para este j ogo. Como os belgas ganham na agressivid­ade e na pressão, o FC Porto resumiu os lances de perigo da primeira parte a remates de fora da área e a um cabeceamen­to torto. Poucas oportunida­des, domínio inconseque­nte e uns quantos desequilíb­rios defensivos, um dos quais, no início da segunda metade, podia ter resolvido a contenda.

A dupla substituiç­ão operada por Nuno Espírito Santo com meia hora para jogar modificou por completo o cariz da partida. Herrera e Jota deram lugar a Corona e Brahimi, mas o que pareceu uma alteração profunda na forma de jogar, acabou por não o ser, pois os flanqueado­res que entraram não foram agarrar-se às linhas. Corona andou perto de André Silva, mas teve melhor leitura de jogo do que Jota e foi mais assertivo nas movimentaç­ões; o argelino entrou animado e assumiu vezes sem conta tentativas de desequilíb­rio individual, aparecendo com grande presença na área. Os golos apareceram, o primeiro num tempo a permitir a cavalgada final sobre o Brugge. O segundo apareceu apenas em tempo de compensaçã­o, mas com o FC Porto a querer jogar sem entrar em desespero. À grande.

 ??  ?? Brahimi teve um remate perigoso logo que entrou
Brahimi teve um remate perigoso logo que entrou
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal