UMA HORA À PROCURA DA IDENTIDADE
VIRAGEM O Brugge assumiu-se como equipa pequena e jogou em conformidade. FC Porto demorou tempo de mais a mostrar que era o grande, mas mudou a tempo
Mais do que dar a cambalhota ao marcador com uma dupla substituição, Nuno deu a volta à própria equipa e deixou-a em posição de ganhar. Brahimi e Corona entraram e foram determinantes
O FC Porto estava obrigado a pontuar na Bélgica para se manter na corrida ao apuramento para os oitavos de fi
nal. Ganhou com um golo justíssimo já em tempo de compensação, mas antes disso passou por momentos de aperto injustificados. Esta equipa portista está a crescer, mas ainda tem problemas de identidade e ontem notaramse durante um período longo de mais. Tratou-se apenas de uma questão mental: frente a um adversário que modificou a forma habitual de jogar e entrou para o campo assumindo tratar-se de uma luta entre pequeno e grande. A uma equação desse tipo, faltou ao FC Porto deixar claro bem cedo que era de facto o grande e justificava o medo expresso na formaco mo Michel Preud’homme montara o Brugge. A resposta demorou e até aparecer ainda foi oferecido um golo.
Os belgas entraram a jogar com três centrais, os laterais ligeiramente subidos, mas sem grandes devaneios ofensivos; a defender usava uma linha de quatro à frente e uma outra de cinco. O Brugge começou até por oferecer a bola e conceder algum espaço, acantonando-se depois no meio-campo defensivo, para sair em velocidade e tentar surpreender o FC Porto pelas alas, uma vez que os três médios portistas que atuavam à frente de Danilo jogavam pelo meio e só os laterais esticavam o jogo. A ideia dos belgas era exatamente essa: aproveitar as subidas dos laterais. Numa dessas tentativas, pouco depois de Casillas ter feito uma defesa monumental na sequência de um livre direto que desviou na barreira, Layún permitiu que Limbombe o deixasse para trás e construísse a jogada geradora do 1-0.
A insistência dos portistas em jogar pelo meio esbarrava em dois trincos e três centrais, faltavam flanqueadores, mas essa não era a arma escolhida para este j ogo. Como os belgas ganham na agressividade e na pressão, o FC Porto resumiu os lances de perigo da primeira parte a remates de fora da área e a um cabeceamento torto. Poucas oportunidades, domínio inconsequente e uns quantos desequilíbrios defensivos, um dos quais, no início da segunda metade, podia ter resolvido a contenda.
A dupla substituição operada por Nuno Espírito Santo com meia hora para jogar modificou por completo o cariz da partida. Herrera e Jota deram lugar a Corona e Brahimi, mas o que pareceu uma alteração profunda na forma de jogar, acabou por não o ser, pois os flanqueadores que entraram não foram agarrar-se às linhas. Corona andou perto de André Silva, mas teve melhor leitura de jogo do que Jota e foi mais assertivo nas movimentações; o argelino entrou animado e assumiu vezes sem conta tentativas de desequilíbrio individual, aparecendo com grande presença na área. Os golos apareceram, o primeiro num tempo a permitir a cavalgada final sobre o Brugge. O segundo apareceu apenas em tempo de compensação, mas com o FC Porto a querer jogar sem entrar em desespero. À grande.