TANGO NO GELO
Ederson segurou a vantagem com um punhado de grandes defesas Quaresma e Aboubakar na vitória [2-3] do Besiktas em Nápoles que complica as contas do Grupo B
À terceira jornada na fase de grupos, a equipa de Rui Vitória, usando o “4x4x2 doméstico”, cavou na Ucrânia o único resultado que poderia legitimar as esperanças de qualificação para os “oitavos”
Antes do duelo em Kiev, os (dois) pontos subtraídos por Talisca, do Besiktas, logo na jornada de estreia nesta fase de grupos da Liga dos Campeões eram nuvens negras sobre a equipa do Benfica, forçada em solo ucraniano a vencer e a recuperar posição na corrida por uma vaga nos oitavos de final da competição. De mangas arregaçadas, embora nem sempre autoritária e segura na gestão de bola, a equipa de Rui Vitória conseguiu tapar caminhos e descobrir brechas para desequilibrar e, com a eficácia que distingue ou define os melhores na prova milionária, enfiar a bola na baliza adversária. Fê-lo por duas vezes, com ambos os raides desenhados pela direita – um por Guedes, que ganhou penálti, outro por Salvio, que assistiu Cervi – e, por coincidência, sempre nos minutos iniciais de cada uma das partes, atordoando um Dínamo que, ainda assim, foi mais expedito e enérgico na reação ao segundo golpe. E os lisboetas sentiram o impacto da “vontade nervosa” da equipa da casa, passando então por momentos de sobressalto e evidente aflição, emergindo a categoria do guarda-redes Ederson – viu-se-lhe apenas umaprecipitação... –,numprecioso contributo para preservação da vantagem e dos correspondentes três pontos, que são também 1,5 milhões de euros em caixa.
Em linha com as ideias de arrumação tática que costuma pôr em prática no campeonato português, Rui Vitória transferiu para o palco daChampions o figurino que mais alegrias lhe tem dado. Sem André Horta, varrido da titularidade por uma lesão muscular, o técnico dos encarnados puxou Pizzi para a zona central do meio-campo e confiou a esquerda a Cervi, mantendo o4x4x 2, comaparte dele como segundo avança doe ... acorrer por Mitroglou, que se limitou a morder os calcanhares dos centrais Khacheridi e Vida. Pelo golo que faturou, mas também pelo estado de inquietação em que deixou o lateral Danilo Silva ou quem teve de dobrá-lo (Korzun que o diga), Cervi, ao contrário de Carrillo em Nápoles, valorizou a escolha do treinador.
Em vantagem desde os 9’ – Salvio foi mais frio do que a noite e bateu Rudko numa grande penalidade que ensaiara no particular com o Santos –, o tricampeão português teve altos e baixos no controlo dos acontecimentos (umas vezes com bola, outras só com os olhos) até ao intervalo. A maior ameaçado Dínamo, porém, esteves empreàv is ta:Yarmolenko, furando e criando a partir do flanco direito, não consentiu que Grimaldo fosse o lateral sólido ou afoito de outros jogos.
Os problemas de infiltração, no entanto, só se tornariam flagrantes na segunda metade, e depois de o Benfica se reforçar no resultado. Os encarnados tentaram então guardar a bola e circulá-la de uma ponta à outra do campo, nem que tivessem de atrasá-la da intermediária para a zona de jurisdição de Ederson. Esse recurso, aliás, foi utilizado em diferentes momentos para obrigar o adversário a correr... e visando surpreendê-lo com ataques rápidosinventadosporpontapés longos e precisos do guardião. O Dínamo estrebuchou, mas confiança e acerto foram os tecidos do fato de trabalho do Benfica.