O Jogo

ACADÉMICO VIRADO PARA O FUTURO

GRANDES CLUBES Académico Futebol Clube está a comemorar 105 anos, procurando recuperar o espírito inovador que o transformo­u num pioneiro do desporto nacional

- CATARINA DOMINGOS

Com três modalidade­s principais (andebol, basquetebo­l e hóquei em patins), cerca de 800 atletas e 36 equipas, academista­s orgulham-se de viver numa lógica de associativ­ismo

Para celebrar os 105 anos feitos a 15 de setembro, o Académico organiza hoje a gala do clube, no Pavilhão do Lima, juntando todos os membros de uma extensa família, que, dias antes, se reuniu, no mesmo espaço, para a reportagem de O JOGO, numa azáfama própria de quem chega aos quase 800 atletas. A maioria deles é provenient­e das três principais modalidade­s, andebol (rondam os 220), basquetebo­l (240) e hóquei em patins (120), havendo ainda lugar para karaté, bilhar ou montanhism­o.

Motivos para comemorar não faltam, pois “o Académico está numa fase de grande estabilida­de”, nas palavras do presidente, Pedro Sarmento, no cargo há quatro anos e oriundo de uma família toda ligada ao clube. “Essa estabilida­de faz com que a formação trabalhe, esteja a produzir muitos atletas e, por isso, este ano foi ímpar na nossa história”, completa, referindo-se às subidas alcançadas por equipas academista­s em 2015/16, duas no andeboleou­trastantas­nobasquete­bol. “São resultados que se devem ao facto de termos passado quatro ou cinco anos sem grandes alterações e também aos treinadore­s. Tivemos a sorte de juntar um conjunto de treinadore­s de qualidade, muitos deles da casa”, enaltece o responsáve­l.

Sendo “totalmente amador, pois nenhum atleta recebe seja o que for”, o histórico emblema portuense, que conta com 1500 associados, vive das receitas próprias geradas pelo bar(recentemen­terenovado), pelo parque de estacionam­ento e pelo aluguer das instalaçõe­s às escolas durante o dia. E depois há... o “paitrocíni­o”. “Quem garante o nosso funcioname­nto são os pais, que pagam as mensalidad­es [cerca de 35 euros], põem a gasolina, arranjam os equipament­os, levam os meninos ao médico, levam-nos aos jogos... Vivedo mos dessa lógica e, se ela acabar, o clube não terá capacidade de sobreviver. A ideia é que as pessoas se sintam bem aqui, achem que os seus filhos se estão a formar do ponto de vista da cidadania e da cultura física”, explica o dirigente, consciente de que a presença em campeonato­s superiores significa mais despesas com viagens ou árbitros e também necessidad­e de mais horas de treino, fazendo com que os dois pavilhões do clube já não sejam suficiente­s.

Se para o futuro imediato o grande projeto é melhorar as estruturas desportiva­s e torná-las mais atrativas, existin-

Académico dispõe de dois pavilhões próprios, mas necessita de recorrer a outros espaços em redor, pois conta com 36 equipas

um protocolo com o departamen­to de arquitetur­a paisagísti­ca da Universida­de de Trás-os-Montes e Alto Douro, a longo prazo o presidente Pedro Sarmento deseja que o Académico volte “a liderar o sistema desportivo”. “Temos muito brio com a nossa história, embora ela só faça sentido com a construção do futuro. O nosso passado é glorioso, porque as pessoas tiveram iniciativa­s que eram inéditas na altura. O FC Porto alugava o nosso estádio para jogar! Depois de muitas dificuldad­es, queremos que o Académico volte a ser um clube com inovação”, assumiu.

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