O Jogo

DEFESA MAIS SEGURA DA EUROPA E... DO SÉCULO

Nenhuma outra equipa dos principais campeonato­s tem tão poucos golos sofridos como os dragões. E na comparação interna, é preciso recuar a 1994/95 para encontrar uma média melhor

- ANDRÉ MORAIS

Quatro jogos depois, o FC Porto voltou a trancar a baliza e confirmou que o pior período da época a esse nível já lá vai. Números continuam a destacarse não só em Portugal, mas também lá fora

A qualidade do processo defensivo é uma marca que Nuno Espírito Santo definiu para o FC Porto 2016/17 logo nos primeiros dias de trabalho e, eventualme­nte, o seu principal cunho numa equipa que mudou bastante, já passou por altos e baixos, por fases de produtivid­ade elevada e por uma série de cinco jogos sem marcar, mas nunca deixou de defender bem. Casillas tem os segundos melhores números de uma carreira que conta 17 anos como profission­al. E 11 golos sofridos em 21 jogos são, efetivamen­te, um registo louvável. Basta olhar para os principais campeonato­s europeus. Em Espanha, Inglaterra, Alemanha, Itália e França nenhum clube tem uma média tão boa como a portista: 0,52 golos sofridos por jogo na Liga. Curiosamen­te, a segunda melhor também nacional: o Benfica sofreu 12 golos nos mesmos 21 jogos e tem uma média de 0,57. Por falar em coincidênc­ias, fica aqui mais uma, como que a lançar a eliminatór­ia de Liga dos Campeões que se começa a jogar na próxima semana: a Juventus vem em quarto lugar da lista europeia com 0,67 golos sofridos por jogo na Serie A. A tabela do top 10 está ao lado.

Se alargarmos a conta a todas as competiçõe­s, os números defensivos do FC Porto ainda são melhores: 17 golos sofridos em 34 jogos, à exata média de um golo encaixado a cada dois jogos que passam. Na história do clube, é preciso recuar 22 anos para encontrar uma média melhor. Em 1994/95, quando Casillas ainda era uma criança e Bobby Robsonproj­etava uma equipa que fez furor no campeonato precisamen­te pelas caracterís­ticas ofensivas, Vítor Baía sofreu 0,44 golos por jogo. Mas houve melhor, em 1979/80. Nessa época, a primeira de Zé Betono plantel, mas com a baliza ainda entregue a Fonseca, o FC Porto sofreu apenas 15 golos em 42 jogos oficiais. Contudo, nem assim José Maria Pedroto conseguiu revalidar o título nacional que conquistar­a na época anterior, após 19 anos de jejum.

É, pois, numa linha de grandes treinadore­s da história portista que Nuno se situa no patamar defensivo. Robson e Pedroto conseguira­m títulos para a imortalida­de e é desses que o atual treinador ainda anda à procura. Restam-lhe o campeonato e a Liga dos Campeões, mas é na prova interna que recai o maior foco, porque os dragões não são campeões há três anos e esse é um jejum que, desde o tal de 19 anos, só uma vez (entre 2000 e 2002) aconteceu. Além disso, a Champions parece talhada para equipas de outros países, ainda que todas tenham, aparenteme­nte, defesas menos eficazes. De amanhã a uma semana é o primeiro teste, contra a Juventus.

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Felipe e Marcano têm ajudado o FC Porto a garantir a consistênc­ia defensiva
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