DEFESA MAIS SEGURA DA EUROPA E... DO SÉCULO
Nenhuma outra equipa dos principais campeonatos tem tão poucos golos sofridos como os dragões. E na comparação interna, é preciso recuar a 1994/95 para encontrar uma média melhor
Quatro jogos depois, o FC Porto voltou a trancar a baliza e confirmou que o pior período da época a esse nível já lá vai. Números continuam a destacarse não só em Portugal, mas também lá fora
A qualidade do processo defensivo é uma marca que Nuno Espírito Santo definiu para o FC Porto 2016/17 logo nos primeiros dias de trabalho e, eventualmente, o seu principal cunho numa equipa que mudou bastante, já passou por altos e baixos, por fases de produtividade elevada e por uma série de cinco jogos sem marcar, mas nunca deixou de defender bem. Casillas tem os segundos melhores números de uma carreira que conta 17 anos como profissional. E 11 golos sofridos em 21 jogos são, efetivamente, um registo louvável. Basta olhar para os principais campeonatos europeus. Em Espanha, Inglaterra, Alemanha, Itália e França nenhum clube tem uma média tão boa como a portista: 0,52 golos sofridos por jogo na Liga. Curiosamente, a segunda melhor também nacional: o Benfica sofreu 12 golos nos mesmos 21 jogos e tem uma média de 0,57. Por falar em coincidências, fica aqui mais uma, como que a lançar a eliminatória de Liga dos Campeões que se começa a jogar na próxima semana: a Juventus vem em quarto lugar da lista europeia com 0,67 golos sofridos por jogo na Serie A. A tabela do top 10 está ao lado.
Se alargarmos a conta a todas as competições, os números defensivos do FC Porto ainda são melhores: 17 golos sofridos em 34 jogos, à exata média de um golo encaixado a cada dois jogos que passam. Na história do clube, é preciso recuar 22 anos para encontrar uma média melhor. Em 1994/95, quando Casillas ainda era uma criança e Bobby Robsonprojetava uma equipa que fez furor no campeonato precisamente pelas características ofensivas, Vítor Baía sofreu 0,44 golos por jogo. Mas houve melhor, em 1979/80. Nessa época, a primeira de Zé Betono plantel, mas com a baliza ainda entregue a Fonseca, o FC Porto sofreu apenas 15 golos em 42 jogos oficiais. Contudo, nem assim José Maria Pedroto conseguiu revalidar o título nacional que conquistara na época anterior, após 19 anos de jejum.
É, pois, numa linha de grandes treinadores da história portista que Nuno se situa no patamar defensivo. Robson e Pedroto conseguiram títulos para a imortalidade e é desses que o atual treinador ainda anda à procura. Restam-lhe o campeonato e a Liga dos Campeões, mas é na prova interna que recai o maior foco, porque os dragões não são campeões há três anos e esse é um jejum que, desde o tal de 19 anos, só uma vez (entre 2000 e 2002) aconteceu. Além disso, a Champions parece talhada para equipas de outros países, ainda que todas tenham, aparentemente, defesas menos eficazes. De amanhã a uma semana é o primeiro teste, contra a Juventus.