PEQUENINO MALHA DUAS VEZES MAIS
Dada a baixa estatura, Podence sentiu que necessitava de ganhar outros atributos e dedicou-se ao ginásio
Ganhou o gosto por exercícios de musculação ainda nos sub-14. Cumpria o plano de força para a globalidade dos formandos da Academia, de duas horas semanais, e acrescentava mais duas opcionais
O “menino Daniel”, como Jorge Jesus se tem referidopublicamenteaPodence, é pequenino, mas não tem inveja de ninguém. O agitador de serviço na recente deslocação leonina a Moreira de Cónegos – foi decisivo para os leões virarem um resultado que até à sua entrada era adverso (estava 2-1 e terminou 2-3) – tem grande autoestima e, assumindo as limitações na sua progressão profissional derivadas da sua baixa estatura, desde miúdo que interiorizou que necessitava de adquirir outros atributos para se bater com os “gigantes” e fazer valer a sua qualidade técnica. Assim, desde os sub-14 que Podence se dedica com prazer ao ginásio, trabalhando a dobrar em relação aos restantes atletas: em vez das duas horas semanais no ginásio, faz quatro.
“No Sporting, há um plano de força também para jogadores da formação, com exercícios de reforço muscular, no ginásio, o que também contribuiu para o desenvolvimento do Podence. É entroncado, o que também tem a ver com a sua morfologia, mas passava bons períodos no ginásio e ficou muito forte. Além das sessões programadas, ele ia lá fora de horas. Dedicava-se com intensidade, pois via que dava frutos e era bom para o ego, confiança e motivação”, conta a O JOGO José Lima, que treinou o camisola 56 nos juvenis e nos juniores dos leões. Ao que o nosso jornal apurou, Podence aplicava-se para mostrar que, embora fosse mais baixo que os colegas, era mais forte, ganhando uma dimensão física compacta e com atributos musculares que favorecem a sua explosão em campo. Graças ao trabalho duro no ginásio, o atacante desenvolveu capacidade para aguentar o choque com os adversários e compensou desequilíbrios.
Nos registos existentes na Academia, apurou O JOGO, Podence tem o recorde de “muscle-ups” (elevações acima da cintura, em barra): faz 17 seguidas. E não perdeu velocidade, pois está bem cotado nos testes, em piques de 30 metros nos quais importa não só o arranque mas as mudanças de direção.
“Sempre foi um atleta que, devido ao seu perfil físico, fazia a diferença pela irreverência, velocidade e drible. Às vezes, os adversáriosachavam que era um oponente fácil, mas ele desequilibrava com qualidade técnica. É um jogador com grande autoestima. O sucesso que está a ter agora deve-se a acreditar muito no seu potencial, a ser animicamente muito forte”, relata José Lima, que o vê a desempenhar “todas as posições ofensivas, exceto a de ponta de lança”. “É rápido e vertical, faz bem diagonais, cria espaços e desequilíbrios. Importante é continuar a jogar, a evoluir, como fez no Moreirense. Esta boa entrada no Sporting é importante motivacionalmente”, acrescenta o técnico, que gostava de ver o seu ex-pupilo ganhar a titularidade: “É imprevisível saber se ganha o lugar ao Bryan Ruiz, que substituiu, mas será uma boa dor de cabeça para Jorge Jesus.”
A avaliar pelo Termómetro (ver quadro ao lado), os adeptos ficaram satisfeitos com o seu regresso –e o de Francisco Geraldes. A maioria acha que é benéfico – 63,6%; consideram negativo 20,6%, verificando-se 16,1% de indecisos.
“Ser mais forte que os outros fazia bem ao ego e dava-lhe mais confiança” “Não sei se ganha a titularidade, mas vai dar uma boa dor de cabeça a Jorge Jesus”
José Lima
Ex-treinador de Podence