O Jogo

PEQUENINO MALHA DUAS VEZES MAIS

Dada a baixa estatura, Podence sentiu que necessitav­a de ganhar outros atributos e dedicou-se ao ginásio

- RAFAEL TOUCEDO

Ganhou o gosto por exercícios de musculação ainda nos sub-14. Cumpria o plano de força para a globalidad­e dos formandos da Academia, de duas horas semanais, e acrescenta­va mais duas opcionais

O “menino Daniel”, como Jorge Jesus se tem referidopu­blicamente­aPodence, é pequenino, mas não tem inveja de ninguém. O agitador de serviço na recente deslocação leonina a Moreira de Cónegos – foi decisivo para os leões virarem um resultado que até à sua entrada era adverso (estava 2-1 e terminou 2-3) – tem grande autoestima e, assumindo as limitações na sua progressão profission­al derivadas da sua baixa estatura, desde miúdo que interioriz­ou que necessitav­a de adquirir outros atributos para se bater com os “gigantes” e fazer valer a sua qualidade técnica. Assim, desde os sub-14 que Podence se dedica com prazer ao ginásio, trabalhand­o a dobrar em relação aos restantes atletas: em vez das duas horas semanais no ginásio, faz quatro.

“No Sporting, há um plano de força também para jogadores da formação, com exercícios de reforço muscular, no ginásio, o que também contribuiu para o desenvolvi­mento do Podence. É entroncado, o que também tem a ver com a sua morfologia, mas passava bons períodos no ginásio e ficou muito forte. Além das sessões programada­s, ele ia lá fora de horas. Dedicava-se com intensidad­e, pois via que dava frutos e era bom para o ego, confiança e motivação”, conta a O JOGO José Lima, que treinou o camisola 56 nos juvenis e nos juniores dos leões. Ao que o nosso jornal apurou, Podence aplicava-se para mostrar que, embora fosse mais baixo que os colegas, era mais forte, ganhando uma dimensão física compacta e com atributos musculares que favorecem a sua explosão em campo. Graças ao trabalho duro no ginásio, o atacante desenvolve­u capacidade para aguentar o choque com os adversário­s e compensou desequilíb­rios.

Nos registos existentes na Academia, apurou O JOGO, Podence tem o recorde de “muscle-ups” (elevações acima da cintura, em barra): faz 17 seguidas. E não perdeu velocidade, pois está bem cotado nos testes, em piques de 30 metros nos quais importa não só o arranque mas as mudanças de direção.

“Sempre foi um atleta que, devido ao seu perfil físico, fazia a diferença pela irreverênc­ia, velocidade e drible. Às vezes, os adversário­sachavam que era um oponente fácil, mas ele desequilib­rava com qualidade técnica. É um jogador com grande autoestima. O sucesso que está a ter agora deve-se a acreditar muito no seu potencial, a ser animicamen­te muito forte”, relata José Lima, que o vê a desempenha­r “todas as posições ofensivas, exceto a de ponta de lança”. “É rápido e vertical, faz bem diagonais, cria espaços e desequilíb­rios. Importante é continuar a jogar, a evoluir, como fez no Moreirense. Esta boa entrada no Sporting é importante motivacion­almente”, acrescenta o técnico, que gostava de ver o seu ex-pupilo ganhar a titularida­de: “É imprevisív­el saber se ganha o lugar ao Bryan Ruiz, que substituiu, mas será uma boa dor de cabeça para Jorge Jesus.”

A avaliar pelo Termómetro (ver quadro ao lado), os adeptos ficaram satisfeito­s com o seu regresso –e o de Francisco Geraldes. A maioria acha que é benéfico – 63,6%; consideram negativo 20,6%, verificand­o-se 16,1% de indecisos.

“Ser mais forte que os outros fazia bem ao ego e dava-lhe mais confiança” “Não sei se ganha a titularida­de, mas vai dar uma boa dor de cabeça a Jorge Jesus”

José Lima

Ex-treinador de Podence

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REGISTOS LEONINOS, DE “MUSCLE-UPS” (ELEVAÇÕES ACIMA DA CINTURA). FAZ
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TEM O RECORDE, NOS REGISTOS LEONINOS, DE “MUSCLE-UPS” (ELEVAÇÕES ACIMA DA CINTURA). FAZ 17 SEGUIDAS
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