Luisão acabou a chorar
Fez a assistência para o golo e foi surpreendido com uma festa pelos seus 500 jogos
Mobilidade tática do Borússia confundiu os encarnados, que na primeira parte tiveram 28% de posse de bola. A entrada de Filipe Augusto, na segunda parte, ajudou a aliviar o sufoco
Não se tratou de uma noite de inspiração do Benfica. Longe disso. Foi, isso sim, uma noite inesquecível para o seu guarda-redes Ederson, que defendeu tudo e mais alguma coisa, deixando os encarnados em vantagem a meio da qualificação para os quartos de final da Champions. O Borússia Dortmund foi melhor, foi muito superior em quase todos os aspectos do jogo, mas encontrou uma muralha na baliza encarnada e não conseguiu superá-la. Ao invés, na única verdadeira oportunidade de golo, no único momento em que os encarnados foram mais fortes dentro da área alemã, no arranque da segunda parte, Mitroglou aproveitou e encostou para o 1-0, depois de um bom desvio de cabeça de Luisão. O assunto ficou tratado com muito sofrimento à mistura e promete ser duríssimo também na Alemanha.
A mobilidade tática do Borússia confundiu o Benfica, que praticamente não teve bola durante os primeiros 45’. Sem fugir ao esquema habitual, Vitória deu a titularidade a Rafa, para ultrapassar o problema que foi a lesão de última hora de Jonas. O português bem tentou vestir a pele do companheiro, mas se em condições normais já é difícil, muito mais quando nem sequer se tem tempo para respirar. O Borússia apostou num misto de 3x4x3/3x5x2, deixando os encarnados completamente à nora e à procura da bola. Muita corrida, pouquíssima posse de bola. Só para se perceber, durante os primeiros 45’ o emblema alemão teve 72 por cento de posse – no final 65 por cento. Elucidativo! Tuchel atirou os jogadores para a frente e estes carregaram no acelerador até à baliza do Benfica, criando oportunidades atrás de oportunidades, a que só o acerto – acerto é pouco, talvez brilhantismo – de Ederson pôs cobro. Aubameyang que o diga, pois surgiu duas vezes completamente isolado à frente do guardião das águias e, imagine-se, atirou por cima, provavelmente assustado com o keeper da Luz. E nem mesmo quando teve uma grande penalidade para desfazer dúvidas foi capaz de superá-lo. Ederson foi um deus. Aubameyang, a estrela alemã, fez o papel de anjinho (tinha a obrigação de fazer melhor em alguns lances) e acabou mesmo por ser substituído já no decorrer da segunda parte, esmorecido pela perda clara do duelo com o guardião brasileiro do Benfica. O golo do Borússia andou no ar durante largos períodos do jogo, mas por lá ficou.
A equipa de Rui Vitória só sacudiu um pouco o jogo após a entrada de Filipe Augusto. O ex-Rio Ave (ver caixa) ajudou a manter o adversário mais longe da baliza. O Benfica experimentou o 4x3x3 e deu-se bem com a alteração, pois acabou por ter mais bola e passou a jogar mais no meio-campo adversário, permitindo também que os extremos (Salvio e Rafa) tivessem mais espaço para atacar. Filipe Augusto deu equilíbrio para travar um adversário que joga sempre em altíssima rotação, mas isso não mudou completamente a feição do jogo. O Benfica só controlou melhor o adversário num determinado momento do jogo, que coincidiu com o seu golo (48’). O resto continuou a ser, passe o exagero, uma luta intensa entre a artilharia alemã e Ederson.