O Jogo

“Não olho a recordes importante é ganhar”

Na véspera de partir para tentar uma terceira e inédita vitória na “Algarvia”, o alemão revelou a O JOGO por que gosta tanto desta corrida

- JOÃO ARAÚJO

Paris-Roubaix, prólogo do Tour, e um quinto título mundial de contrarrel­ógio são os grandes objetivos de um dos principais candidatos a ganhar esta Volta ao Algarve em que vê Kwiatkowsk­i como rival

Vencedor de duas edições da “Algarvia”, Tony Martin é um dos favoritos ao triunfo da edição que hoje arranca, podendo desempatar com Alberto Contadore Geraint Thomas, caso some um terceiro sucesso. “Não me interessam os recordes ou se posso deixar para trás esses corredores. O importante é ganhar”, começou por atirar o alemão, nesta entrevista a O JOGO. “Na Volta a Valência vi que a minha condição física está bem; no Algarve, se não perder tempo nas primeiras etapas e fizer um bom contrarrel­ógio, posso ganhar à geral”, prosseguiu.

O polaco Kwiatkowsk­i, que considera “bom na montanha e no contrarrel­ógio”, é aquele que Martin aponta como um dos seus principais adversário­s numa corrida que lhe agrada: “Tem sido a minha primeira boa prova do ano, é uma organizaçã­o familiar, que conheço bem e uma corrida dura, com muito sobe e desce. É preciso chegar em boa forma para se conseguir um bom resultado, por isso considero-a o teste ideal no início de temporada.”

Fã da Volta ao Algarve e das suas paisagens – “muito verde, muita natureza e montanha” –, o tetracampe­ão mundial de contrarrel­ógio já está também rendido aos portuguese­s com quem convive na equipa Katusha-Alpecin. Sobre o diretor desportivo José Azevedo, destaca a simpatia e o profission­alismo, atépor se remambos pesso as atentas a todos os detalhes, tanto o material, como o vestuário. “Estamos sintonizad­os”, sublinha o germânico, que passou as duas semanas de estágio com Tiago Machado como colega de quarto. “Já o conheço bem”, refere, antes de reconhecer que ainda tem de conhecer melhor José Gonçalves.

Houve, no entanto, outro português que o impression­ou: “Sérgio Paulinho! Em 2011, estava na RadioShack a trabalhar para o Kloden na Paris-Nice. Eu ganhei a corrida e o Kloden foi segundo, mas o Paulinho perseguia toda a gente sozinho. Nesse dia percebi que Portugal tinha ciclistas muito bons!”

O “Panzerwage­n”, alcunha de que confessa gostar por ter a ver com a sua fisionomia e por lhe ter sido posta por uma pessoa que considera especial, o seu antigo diretor desportivo Brian Holm, diz que um bom contrarrel­ogista precisa da combinação de vários fatores: “Primeiro, é uma questão genética, de ter o corpo adequado, depois, há a questão da intensidad­e de treino, mas penso que o mais importante é mesmo a força mental. Uma cabeça forte é o principal fator para se ser bom contrarrel­ogista, estar disposto a sofrer sozinho muitas horas, sem nunca questionar porquê…”

Para esta época, os objetivos de Tony Martin estão bem definidos: “As clássicas de ‘pavé’, o prólogo da Volta a França e um novo título mundial de contrarrel­ógio”. Mas é mesmo a Paris-Roubaix que tem sublinhado como primeiro grande alvo, depois de, como diz, ter aprendido os segredos do “inferno do Norte” ao lado de especialis­tas como Boonen, Stybar e Terpstra. Quanto a um quinto título mundial no “crono”, que deixaria Cancellara para trás, talvez não seja para este ano. “O percurso de Bergen é muito montanhoso e, pelo que vi, muito duro. Talvez outro ano, mas primeiro vamos pensar nos objetivos de 2017”, reforça.

“Em 2011, graças ao Sérgio Paulinho percebi que Portugal tinha bons ciclistas”

Tony Martin

Katusha-Alpecin

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Tony Martin estreou-se a ganhar pela Katusha na segunda etapa da Volta a Valência

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