O Jogo

“Se for preciso vou a Fátima acender uma vela”

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“Anda-se muitas horas e vaise pensando muito, na vida e nas outras coisas. É um desafio físico, mas também psicológic­o” “Nos dias em que o meu filho corre, o coração fica apertado. É muito stressante visto de fora. É assustador, mas muito giro”

Tiago Monteiro é católico, mas pouco praticante. No entanto, já foi a Fátima a pé e acendeu velas. Não pediu pelo campeonato, mas se fosse preciso uma “ajudinha extra” para ser campeão, não se importava de voltar ao Santuário

Fez o caminho do Porto a Coimbra de bicicleta e da Cidade dos Estudantes até Fátima a pé, num desafio que diz ser “duro”, tanto física como psicologic­amente.

Como aconteceu a peregrinaç­ão a Fátima?

—A Diana [a esposa] já tinha ido e o meu pai queria fazer, o meu cunhado também. Decidimos ir de Coimbra a Fátima, para fazermos tudo num dia. Mas depois falei com o meu preparador físico, o Emiliano, há dois ou três anos, e decidimos ir do Porto a Coimbra de bicicleta, encontrarm­o-nos com eles e depois seguir a pé até Fátima. Era um desafio físico e pessoal. Foi muito duro, com muitas cãibras no final. Saí do Porto às 8h00, tivemos vários problemas e cheguei às 17h00 a Coimbra. A ideia era fazer até às 5h00 da manhã a pé. Mas pelas 2h00 a Diana começou a sentir-se mal e decidimos parar. Uns meses depois, retomámos de onde tínhamos parado e acabámos.

Pensou nalguma coisa quando se cruzou com os outros peregrinos?

—É fantástico. Anda-se muitas horas e vai-se pensando muito, na vida e nas outras coisas. É um desafio físico, mas também psicológic­o. Passas um bocado de tempo contigo próprio. É um desafio giro.

No caso de se sagrar campeão do mundo, este ano, vai lá acender uma vela?

—Por acaso não fui pôr nenhuma vela para isso. Foi mais por problemas de saúde na família. Ainda não pensei nesse pormenor, mas se tiver de ir a Fátima [para ser campeão] vou na boa [risos].

Também já acompanha o seu filho Noah, de sete anos, nos karts. É diversão ou competição?

—Para já, é diversão. Ele adora e eu vou ajudá-lo. Só daqui a dois ou três anos é que dará para ver se tem algum talento. Agora, a minha empresa de gestão de carreiras, a Skywalker Management já está com alguns jovens nos kartings e outros mais experiente­s. O meu sobrinho, que tem 13 anos, também já corre há três.

O que sente quando o vê?

—O coração fica apertado. O dia da corrida é muito stressante visto de fora. Para já, porque são vinte e tal miúdos completame­nte doidos, ninguém tem noção do risco e aqueles karts já dão noventa e tal à hora. Ele é muito combativo. Gosta de andar sempre pegado com alguém e é assustador porque se pode magoar. Mas é muito giro.

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