“Gosto pouco de show-off”
O treinador encarnado negou a hipótese, aberta por Jesus, de um cumprimento entre os técnicos no final do jogo, pois não esquece as farpas lançadas pelo homólogo no passado
Ambicioso, refutou as críticas dos leões, que veem o Benfica a jogar “à equipa pequena”, ao lembrar o dérbi disputado há duas épocas em Alvalade (1-1), então com Jesus do lado benfiquista
Confiante e convicto, e numa conferência em que até deu dois murros na mesa, Rui Vitória promete uma equipa sem distrações. Jorge Jesus disse que dependendo das circunstâncias do jogo admite no final cumprimentá-lo. Admite, da sua parte, cumprimentar Jesus? —Gosto pouco de falar de coisas que não ouvi. Estive a preparar o jogo e a equipa adversária, não a conferência do adversário. Mas quero deixar bem clara a minha visão, os contextos podem mudar, os valores para mim não mudam. Este ano estamos mais próximos do FC Porto e não é por isso que eu e o treinador do FC Porto não nos cumprimentámos. Os contextos podem mudar, os valores e os princípios não. Gosto pouco de show-off, não sou nada dado a isso. Para mim é assunto encerrado [fecha a frase com um murro na mesa]. O Sporting, e ontem Manuel Fernandes voltou a apontá-lo, diz que o Benfica jogou como equipa pequena nos últimos dois dérbis, que venceu. Concorda ou é estratégia para o influenciar? —Manuel Fernandes foi um grande ponta de lança. Fico por aí. Nada me desfoca nem aos meus jogadores. Se calhar estava a lembrar-se do jogo de há dois anos [orientado por Jesus, o Benfica empatou 1-1 em Alvalade em 2014/15]. Todas as equipas querem estar na nossa posição. Agora, há uma preocupação clara, e isso sentimos, em querer derrotar o líder. Mas também vos digo [volta a bater na mesa] que estamos cada vez mais juntos, os laços estão cada vez mais próximos. Esta união e coesão estão sempre presentes. Nada nos desfoca e distrai. A energia que tenho é para dedicar ao que quero, não me desgasto com coisas que não interessam. Espera um rival com motivação extra para complicar as contas do título ao Benfica? —Isso é redutor para o Sporting, que tem um valor alto. Recheou-se de belíssimos jogadores no início do ano, vindos de ligas de grande exigência competitiva. O Sporting tem qualidade e vai ser um jogo difícil para as duas equipas, ambas sabem que do outro lado há valores que podem decidir e que qualquer uma pode ganhar. O Sporting vai querer lutar para somar três pontos e subir na tabela, nós queremos lutar pelos três pontos, vamos querer muito ganhar, continuar nesta posição e cimentá-la. Como viveu a equipa a semana antes de um jogo que pode ser decisivo? —Quando entramos na nossa caixa-forte, focamo-nos, trabalhamos e dedicamo-nos o melhor possível, antes de irmos para junto das nossas fa- mílias, para sermos pessoas equilibradas. Tudo tem sido normal. Este jogo é mais mediático, mas o trabalho foi o que tínhamos planeado e os jogadores demonstraram a convicção, ambição, determinação e concentração fundamentais nestas semanas de trabalho.