Dortmund foi vítima de terrorismo financeiro
As explosões que feriram Bartra tinham como alvo... uma queda das ações do clube na bolsa e a hipótese, para o autor, de ganhar uns milhões
Foi ontem detido numa cidade a 450 quilómetros de Dortmund o suspeito do atentado contra o autocarro do Borússia, cujo objetivo, segundo os investigadores, era ganhar dinheiro na bolsa...
O ataque ao autocarro do Bo rússia Dortmund,nop assado dia 11, não teve, afinal, motivações religiosas nem políticas como chegou a ser admitido. A deflagração de três explosivos, cuja consequência mais gravosa foram os ferimentos provocados numa mão do defesa-central espanhol Marc Bartra, que teve de ser operado,e de um polícia que escoltava a equipa, não foi da autoria de radicais islâmicos nem de terroristas de extrema direita ou extrema esquerda – foi uma espécie de terrorismo financeiro que esteve na origem do atentado que levou ao adiamento do jogo com o Mónaco, dos quartos de final da Liga dos Campeões para o dia seguinte.
Ontem, a polícia alemã deteve um cidadão com dupla nacionalidade germano-russa, de 28 anos, denominado Sergej W, suspeito de ser o autor solitário do atentado contra o autocarro da equipa. O objetivo era provocar uma queda no valor das ações da equipa e, com isso, ter lucros significativos. O suspeito foi detido por agentes de um grupo de operações especiais enquanto se dirigia para o trabalho no hospital universitário de Tubingen (a cerca de 450 km de Dortmund), às seis horas da manhã de ontem.
No dia seguinte ao ataque, a polícia foi alertada para movimentações inusuais na bolsa devaloresalemã–oDortmund éo único clube de futebol cotado–mas desvalorizou essa pista. Mais tarde, voltou a ela, alertada por uma corretora para suspeitas de lavagem de dinheiro por parte de Sergej W, que havia feito investimentos nada habituais – de acordo com a imprensa alemã, este especialista em engenharia eletrónica (o que explicaria a capacidade para montar sozinho o sistema de explosivos detonados à distância) gastou 78 mil euros em opções de venda sobre 15.000 ações do clube e poderia ter ganho 3,9 milhões de euros caso a cotação caísse de forma significativa. Isto seria plausível no caso de o acidente ter levado, por exemplo, à morte de um ou mais elementos da equipa, uma tragédia humana que traduzida para linguagem financeira significaria uma desvalorização do plantel do Dortmund...
As pistas falsas que espalhou, tanto as reivindicações do atentado via internet como cartazes perto do local do crime, não bastaram para desviar o olhar dos investigadores. Até porque deixou outras, eventualmente, mais importantes: primeiro, reservou um quarto no hotel “L’Árrivé”, onde o Dortmund habitualmente se concentra antes dos jogos, para os períodos de 9 a 13 de abril e de 16 a 20 de abril, dada a incerteza da ordem dos jogos com o Mónaco, dos quartos de final; depois, no check-in, rejeitou um primeiro quarto porque não tinha vista para a rua por onde passaria o autocarro. Após a explosão, despertou suspeitas nos empregados do hotel, porque enquanto os outros hóspedes fugiam assustados, Sergej W dirigiu-se calmamente ao restaurante e pediu um bife. A conta do hotel mostrou, posteriormente, que de seguida pedira uma massagem...
Segundo revelou o equivalente alemão ao Ministério Público, em comunicado distribuído à Imprensa, a colocação deficiente dos explosivos contribuiu para o reduzido impacto do atentado, salvando a vida dos jogadores. Enquanto o primeiro e terceiro estavam ao nível do solo, o do meio estava a um metro de altura, demasiado alto para provocar danos máximos, na opinião da polícia.