“Perseguia um projeto à Rangers”
Treinador luso durou pouco na Liga e já tem mais currículo lá fora que em Portugal. Assumiu com entusiasmo e ambição o banco do histórico escocês que pretende relançar para a alta roda do futebol
Após experiências no México e no Catar, o Rangers bateu à porta de Pedro Caixinha e o treinador português não hesitou, pois sempre quis treinar um grande europeu, nem que seja um histórico adormecido. Chegar a um grande em Portugal não lhe tira o sono.
Como surgiu a possibilidade de regressar à Europa e assinar pelo Rangers?
—Começou com o Pedro Mendes a apresentar-me essa possibilidade e eu aceitei o desafio. A questão financeira nunca foi prioritária, se fosse nunca teria vindo. Há uma diferença bastante significativa entre o que era o vencimento no Al-Gharafa e o que tenho aqui. É um tipo de projeto que perseguia, no qual acredito, e num clube com dimensão. Já estamos a formar plantel para fazer face à redução da diferença para o Celtic, que é muita e é clara.
O que lhe pediram? O título no imediato?
—Não me pediram nada. Queriam que conhecesse o plantel, nos últimos meses, criar bases de dados de jogadores. Estamos a tentar dar já um salto de aproximação ao Celtic. A quem vai treinar um Benfica, Sporting ou FC Porto não lhe precisam de dizer que é para ser campeão... Aqui é igual. O segundo lugar não chega, não é suficiente, e os jogadores têm de ter essa mentalidade desde o início.
No Santos Laguna assumiu quase funções de manager britânico. Deram-lhe essa responsabilidade?
—Vamos ter um diretor desportivo... Já temos sete jogadores novos confirmados de um total de onze que queremos. Chegando o diretor desportivo, ficarei mais livre para a minha tarefa. E já temos definidos os alvos para os próximos dois anos. Não tenho problemas com a responsabilidade, dá-me mais abrangência.
Quando estará de regresso o velho Rangers,
até em termos internacionais?
—Após cinco anos em divisões inferiores o Rangers está agora a regressar a provas europeias, mas não temos qualquer coeficiente. A liga escocesa é indiscutivelmente Rangers e Celtic e nos últimos anos nem isso houve. A organização do Rangers continua a ser de clube grande. Temos a ambição e ânsia de ser os primeiros campeões deste novo Rangers. Nada me dará mais gozo.
Já treinou mais clubes fora de Portugal do que cá...
—É verdade... Treinadores da minha geração, que tiveram um processo diferente do meu, com trabalho sustentado em clubes de nível médio, chegaram a um grande em Portugal. Eu cheguei a um grande fora de Portugal. Corri por fora, pelo México, Catar e agora um grande e histórico europeu que vai regressar ao lugar onde merece.
Ainda tem essa ambição, de chegar a um grande de Portugal?
—Não me tenho preocupado muito com isso, mas é óbvio que, sendo português, gostava de treinar um dos grandes. Não é coisa com a qual viva obcecado.
Voltaria a ir para o Catar?
—A carreira de um treinador vive muito também de um sentimento de segurança familiar e do nosso futuro. Fui ao Catar ganhar essa segurança, ganhar autonomia financeira sem deixar de estar no mercado. Tinha a noção clara de que não poderia ficar muito tempo lá.
Em 2012, o Rangers declarou falência e desceu à quarta divisão. Foi subindo e, no regresso à Premier League, com Pedro Caixinha na reta final, ganhou acesso à Europa “Sabia que não podia ficar muito tempo no Catar. Não saí do mercado e consegui chegar a um histórico” “É preciso pedir a quem treina os três grandes para ser campeão? Aqui é igual. Não pediram nada, nem me deram um ‘budget’” “Não recebi convites de Portugal, só quatro ou cinco do México, dos Estados Unidos e este da Escócia”