Novos aromas do futebol quebra-gelo
Mantendo o traço essencialmente atlético, o futebol nórdico tem, ao longo das últimas décadas, adquirido uma qualidade técnica cada vez maior. Para além da inclusão nos seus campeonatos (e até seleções) de jogadores de outras origens (sobretudo africanas, como emigrantes de segunda geração), é a natureza do próprio estilo individual que está a respeitar mais a bola, sem procurar logo o passe mais longo (a profundidade), as bolas divididas e o jogo aéreo. São, claro, traços onde continuam fortes, mas com mais técnica e mantendo a disciplina tática, adquirida muito devido à frieza emocional com que jogam. Os jogadores nórdicos não têm grandes problemas de adaptação a outras paragens futebolísticas, mesmo latinas – questão de mentalidade e realismo competitivo (sem dramas existenciais). Embora se note uma certa crise geracional de valores de top nas principais seleções, como a Suécia e a Dinamarca (o que se nota depois nos Mundiais e Europeus), existem, percorrendo os seus campeonatos, muitos jogadores interessantes, sobretudo para “fazer crescer”. A liga norueguesa é, nesse sentido, muito interessante de seguir. É sempre uma incógnita saber como aqueles jogadores que vemos brilhar nesses relvados vão reagir num nível superior, mas se enquadrados num investimento bem calculado, merecem a aposta. A Suécia também tem um série de novos talentos a aparecer. A dúvida é saber a sua evolução com a maturação da careira. São interrogações naturais que se colocam sempre na prospeção de jogadores: como será que vai evoluir este talento? Estes são alguns casos que suscitam essa questão pelo valor demonstrado, desde os golos de Omoijuanfo no Stabaek, da Noruega, até às jogadas (também com golos) de Engvall (um n.º 9 de 21 anos a despontar) no Djurgarden sueco. Pelo meio, na babilónia cada vez maior em que o futebol mundial se tornou, descobrimos um queniano, Nguen, a serpentear pelos relvados da Noruega, no Stromsgodset, e um colombiano musculado e robusto, Morales, a fazer golos no frio da liga finlandesa, no HJK. O mundo é mesmo pequeno. De Medellín a Helsínquia, como de Kakuma a Drammen, como de uma baliza à outra.