Dinheiro vivo H
A Champions é sinónimo de dinheiro e poder para os principais clubes portugueses
á cerca de três meses, Cliff Baty, diretor financeiro do Manchester United, explicava ao “Financial Times” que, para os ingleses, o dinheiro da Champions não era relevante. “Aquilo que é importante para um clube com o nosso estatuto e dimensão é provar que somos capazes de disputar e vencer as maiores competições”. A abundância proporciona este tipo de romantismos, mas está longe de ser a primeira vez que se ouve um tipo rico dizer que o dinheiro não é assim tão importante. Os clubes portugueses estão num patamar diferente e não se podem dar a esse luxo. Claro que o prestígio também conta e, mesmo que vencer a Liga dos Campeões seja cada vez mais difícil, há objetivos desportivos para atingir, mas por cá, com um mercado televisivo espartilhado por uma economia anémica, a Champions é sinónimo de dinheiro e, por tabela, de poder. A hegemonia interna de que o Benfica tem gozado nos últimos quatro anos, por exemplo, coincidiu com o melhor período da equipa da Luz na liga milionária. Da mesma forma, os períodos hegemónicos do FC Porto no futebol português corresponderam às melhores prestações na Champions. E nem sequer está em causa apenas o dinheiro que chega diretamente dos cofres da UEFA. Tal como explicámos na edição de hoje, uma boa prestação na principal montra do futebol mundial tem reflexos imediatos na valorização dos jogadores: 90 por cento de todas as transferências acima de 30 milhões de euros realizadas no verão tiveram como protagonistas jogadores que se destacaram na Champions. Um dado que os clubes portugueses não podem ignorar, especialmente considerando que, para o ano, o acesso à montra vai ser muito mais restrito.