O Jogo

Os limites do Dragão

- Manuel Queiroz

Ojogo não veio em boa altura para o FC Porto desde logo. Noutros tempos, as equipas portuguesa­s tinham logo a vantagem de mais tempo de descanso e desta vez ambas jogaram no domingo passado. Ainda por cima, o próximo jogo do Liverpool é só daqui a dez dias, ou seja, não tinha de se preocupar com mais nada para os próximos dias (até vai uns dias para Espanha fazer um estágio). A chuva e o frio também não ajudavam num confronto com ingleses e finalmente faltavam três jogadores importante­s, um em cada sector (Felipe, Danilo e Aboubakar) – se com todos os titulares era dificílimo, assim era mesmo impossível. Uma série de erros próprios e de uma organizaçã­o frágil pelo meio (a este nível é preciso mais) deu dois golos de avanço aos Reds (ontem de laranja), numa altura em que a posse de bola era 35-65 por cento. Otávio tinha tido a grande oportunida­de inicial (10’ ), José Sá facilitou um pouco o primeiro golo, de Mané, num remate já na área, mas em que o guarda-redes é claramen- te mal batido. A equipa não foi capaz de ter a presença de espírito necessária – más reposições de Sá, cortes desnecessá­rios a darem segunda possibilid­ade de ataque, incapacida­de para encontrar os caminhos. A certa altura, o Liverpool parecia estar num treino – era essa a imagem, tão poucos eram os duelos que os nortistas ganhavam. A primeira parte acabava com 5-4 em faltas (acabou 9-10), ou seja, nem faltas se conseguiam fazer. O Liverpool é melhor mas alguns jogadores esforçaram-se por tornar essa diferença maior. Isso aconteceu, em boa parte, porque esta equipa está programada para outra coisa – e para outro nível. É para atacar, para os duelos, não para jogar em controlo, como entrou na partida. Foi sempre essa a minha ideia e Sérgio Conceição pode ter as fúrias todas, mas ontem ficou claro. O treinador já fez muito? Já. Mas o seu jogo tem limites, como todos, que ontem se viram muito. Até na inexperiên­cia de alguns jogadores ou na incapacida­de de manter o controlo emocional que permite fazer um corte para fora, ou para um colega (aconteceu muitas vezes essa diferença, simples mas às vezes fundamenta­l). Levar cinco em casa é mau em qualquer caso. Foi a pior derrota de sempre em casa nas competiçõe­s europeias como com o Besiktas (1-3) já tinha sido a maior derrota na Champions. É a mesma equipa. É exatamente por isso.

Esta equipa está programada para outra coisa – e para outro nível. É para atacar, para os duelos, não para jogar em controlo, como entrou na partida

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