O Jogo

O LOCAL DO CRIME VIROU ZONA CHIQUE

MUDANÇA Palco de um insólito roubo de chuteiras do Braga, o Vélodrome volta a inspirar segurança, à medida do novo rico Marselha

- Textos PEDRO ROCHA

O episódio de há três anos foi recordado durante a antevisão, mas Abel fintou a questão. Muita coisa mudou e o Braga até optou, sem receios, por voltar a guardar algum material desportivo no estádio

O Braga regressou ao local do crime e encontrou o Vélodrome tão protegido como um castelo, com todas as medidas de segurança ativas, o que não se verificava em novembro de 2015, quando estava a ser alvo de obras para o Euro’2016 e o Marselha atravessav­a um período delicado em termos financeiro­s. As câmaras de vigilância encontrava­m-se desligadas e, como consequênc­ia dessa imprudênci­a, 60 pares de chuteiras, entre outros pertences dos jogadores, seriam roubados à equipa bracarense (comandada na altura por Paulo Fonseca), que na véspera havia cumprido no estádio do clube gaulês um treino de adaptação ao relvado, deixando uma boa parte do material desportivo na zona do balneário. O Braga teve de comprar à pressa novas chuteiras no dia do jogo e a queixa apresentad­a à UEFA acabaria por ser arquivada, por falta de provas. Curiosamen­te, num registo humorado, um jornalista francês ainda perguntou ontem a Abel se as botas desapareci­das já haviam sido encontrada­s, mas o treinador colocou rapidament­e um apedra sobre a polémica, solicitand­o, deforma lacónica, uma“próxima pergunta” enquanto decorria a antevisão do jogo.

Três anos depois, é altamente improvável que outro assalto do mesmo género aconteça. O Vélodrome deixou de ser um recinto vulnerável e o Braga também não desenvolve­u qualquer tipo de trauma, pelo que voltou a guardar no seu interior material desportivo, como é, aliás, hábito entre as equipas visitantes em provas europeias. Pode mesmo dizerse que o estádio francês até se destaca agora pelo luxo e modernidad­e, combinando na perfeição com o novo Marselha, renascido das cinzas desde que foi adquirido (outubro de 2016) pelo multimilio­nário Frank McCourt, dono dos Los Angeles Dodgers (da liga de basebol norte-americana), por 45 milhões de euros. Nem sequer foi problema a existência de um passivo de 172 milhões.

O “L’Équipe” avançaria então que o novo proprietár­io estaria disposto a investir 200 milhões no reforço da equipa de futebol, ao longo dos próximos quatro anos, e a verdade é que já desembolso­u 120 milhões. A maior fatia desse investimen­to diz respeito a contrataçõ­es, surgindo no ranking das mais dispendios­as os nomes de Dimitri Payet (30 milhões), Mitroglou (15), Thauvin (11), Luiz Gustavo (dez), Jordan Amavi (dez) e Morgan Sanson (nove). Os encargos salariais são colossais, estando o clube agora sob apertada vigilância da UEFA, em nome do fair play financeiro. Um agradável inconvenie­nte.

 ??  ?? Os 21 jogadores convocados para o jogo de hoje treinaram ontem no Vélodrome
Os 21 jogadores convocados para o jogo de hoje treinaram ontem no Vélodrome
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal