“É uma pressão desnecessária”
Antigo dirigente votará a favor da alteração estatutária, mas deixa um reparo ao presidente
Advogado entende que a sua posição, partilhada por muitos sportinguistas, é “incómoda”, dado que não concorda com as alterações nos estatutos, mas pretende a continuidade de Bruno de Carvalho
Dias Ferreira, antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral e ex-candidato à presidência do Sporting, admite a O JOGO que se sente “numa posição incómoda” no momento de ser chamado a votar uma alteração estatutária que “neste momento é totalmente desnecessária”, na sua perspetiva. O advogado, considerando queé“forte usar o termo chantagem” para caracterizar as palavras e a posição de Bruno de Carvalho, entende que o presidente do emblema verde e branco está a fazer “uma pressão desnecessária e sem fundamento” sobre os associados.
O antigo dirigente leonino, porém, faz questão de deixar claro que o mais importante é que “os órgãos sociais se mantenham em funções”. “Espero que a assembleia corra bem e que não resulte em nenhuma alteração dos atuais órgãos sociais. Espero que sejam aprovados os pontos da ordem de trabalhos. A choque este problema foi criado desnecessariamente nesta altura. A alteração estatutária podia ser feita em qualquer altura, menos nesta. Em plena época desportiva, não faz sentido. Estou confrontado com uma realidade com a qual não concordo, mas sobre a qual tenho de tomar uma decisão. E essa dec is ãoéin equívoca, vou votarna continuidade dos órgãos sociais, mesmo que para isso tenha de votar em coisas com as quais não concordo”, disse, especificando: “Não concordo com as alterações estatutárias. Para mim, como jurista e sportinguista, acho que são questões para serem tratadas com um certo cuidado, no sítio e no tempo próprios.Éa primeira vez que vou fazer isto na vida e espero que seja a última. Entendo que o interesse do Sporting passa por colocar de lado o acessório, o essencial é que os órgãos sociais se mantenham. Tenho discordado do presidente em questões de forma, mas nas de fundo estou totalmente de acordo com ele. Há muitos sportinguistas que vão ter a mesma posição que eu e essa posição é incómoda. O termo é forte, mas fez neste momento uma pressão que entendo como desnecessária e sem fundamento. Tudo por causa de meia dúzia de pessoas. Por causa dessas pessoas não se podem estar a pressionar os sócios todos, obrigá-los desta forma.”
Dias Ferreira remata precisamente com um balanço global do que tem sido o mandato de Bruno de Carvalho como presidente do Sporting, depois de ter sido um dos opositores no primeiro sufrágio a que o gestor se submeteu, em 2011. “O trabalho tem sido muito positivo: o futebol, as modalidades, a gestão financeira, o pavilhão e o que depois de cinco anos passou de mal a bem. Não é por causa de uma alteração estatutária que deve cair tudo por terra”, concluiu.