Como “cimento às costas”
Mais do que filho de um ex-atleta, Tiago é treinado pelo próprio pai, situação nem sempre bem-vista
Bizarro disse ao filho Tiago que não tinha jeito para ponta de lança e mandou-o para a baliza. Anos mais tarde, campeão do mundo de sub-20 em 1989 treina o filho no Coimbrões, do Campeonato de Portugal
Bizarro fez história no futebol nacional ao sagrar-se campeão do mundo com a seleção de sub-20, em 1989. Foi o primeiro guarda-redes nacionalcampeão do mundo. Na altura, estava no Benfica. Três anos mais tarde, assinou pelo Marítimo e foi no seu último ano ao serviço dos insulares que nasceu Tiago, o filho, também ele guarda-redes, que agora treina no Coimbrões, do Campeonato de Portugal.
“Sem dúvida que a minha experiência influenciou. Eles prendem-se muito aos clubes que ganham eà vida dos pais. Apesar de só ter visto meia dúzia de jogos meus, em casa respirava-se futebol”, conta Bizarro.
Tiago confirma, até porque o pai foi o primeiro a indicarlhe a baliza, quando ele se queixava do cansaço da corrida. “Se o meu pai não tivesse sido jogador de futebol, eu seria na mesma. Comecei a jogar a ponta de lança e ele disse-me que não tinha jeito. Queixava-me que tinha de correr muito e cansava-me. Mandou-me para a baliza. Foi um visionário!”, brinca.
Tiago passou pelos juvenis do Benfica, aos 14 anos, “um bocadinho cedo” na opinião
“Comecei a ponta de lança e o meu pai disse-me que não tinha jeito. Mandou-me para a baliza”
Tiago
Guarda-redes do Coimbrões
do pai. “O futebol é uma caixa de ilusões. Hoje, há mais competitividade e mais escolhas. Toda agente quer praticar desporto e jogar futebol. Preocupa-meum pouco. Tenho medo que desista do curso a meio, como eu fiz”, confessa.
Treinar o próprio filho é situação fácil? “Ele carrega um saco de cimento às costas por ser meu filho, as pessoas não separam as águas. Para mim, é iguala outro atleta. É bom jogador e dá qualidade à equipa, senão não estaria lá”, remata Bizarro.