DUAS TORRES VARRERAM O TABULEIRO
Com mais dois golos de canto, o Benfica quebrou a (ténue) resistência do Boavista e cavalgou para a goleada que lhe garante (de novo) a liderança
Foi na cabeça de Jardel e Rúben Dias, já depois de Jonas ter desperdiçado mais uma grande penalidade, que se começou a desenhar um triunfo que o Boavista não soube sequer contestar
O Boavista entrava no Estádio da Luz com o estatuto de única equipa nacional que conseguiu, esta época, levar o campeão ao tapete, com um triunfo na primeira volta que se seguiu a dois empates nos encontros anteriores. O minitrauma axadrezado foi, no entanto, derrubado à cabeçada, com duas torres a abrirem caminho ao xeque-mate, deixando o tabuleiro de jogo livre para um triunfo que não deixa margem para dúvidas, tendo até o Benfica ficado a dever a si próprio a construção de um “score” mais expressivo.
Mesmo com um Jonas claramente em sub-rendimento – recuperou surpreendentemente de uma lesão no joelho esquerdo e Rui Vitória não abdicou do seu goleador-mor –, o Benfica apresentou uma dinâmica de jogo claramente com rotações a mais para um Boavista expectante em demasia e sem capacidade de preenchimento dos espaços, nomeadamente no seu flanco direito e no miolo.
Jorge Simão apresentou-se até com um esquema mais ofensivo, lançando um 4x4x2 com Fábio Espinho e Rui Pedro no eixo ofensivo e os extremos Yusupha e Kuca de clara tração à frente, mas a aposta em apenas dois médios, Sparagna e David Simão, constituiu um erro pela insuficiência de mão de obra no momento da cobertura defensiva perante um carrossel encarnado sustentado pela capacidade de recuperação de bola de Fejsa e posterior transporte de Pizzi e, sobretudo, Zivkovic.
Ainda antes de o Benfica começar a colorir o marcador, Cervi conquistou um penálti que Jonas desperdiçou (15’), mas a equipa não acusou o toque, de tal forma que puxou de outra arma, os lances de laboratório, para encontrar o caminho do êxito. Tal como acontecera no jogo anterior na Luz, ante o Rio Ave, a dupla Jardel-Rúben Dias funcionou nas alturas e, sem vertigens, compensou a “ausência” do seu goleador, com Jonas emparedado nas marcações e sem capacidade para reagir.
JorgeSimãoprocurouemendar a mão logo ao intervalo e a verdade é que as entradas de Mateus e Renato Santos para os flancos trouxeram outra vivacidade ao Boavista, porque finalmente conseguiu colocar alguma areia na engrenagem contrária, nomeadamente na saída de bola do Benfica pelo seu flanco canhoto, mas também porque Yusupha se movimentou melhor nas imediações da área e o recuo de Fábio Espinho para terceiro médio equilibrou as contas no meiocampo.
A reação, diga-se, durou até aos 60 minutos, momento em que Henrique, após erro de Bruno Varela, e Mateus cheiraram o golo. Depois, e já com Pizzi mais descaído para a esquerda para prender o jogo contrário e Zivkovic a lançar o perigo na meia direita, aproveitando a entrada de Diogo Gonçalves para o lugar do apagadíssimo Rafa, o Benfica reencontrou o fio condutor, voltou a carregar pelos flancos e o Boavista deixou de resistir às águias, que somaram lances de perigo, rechearam o marcador e, assim, voltaram à liderança, ainda que à condição.