TOLERÂNCIA ZERO PARA QUEM BAIXAR OS BRAÇOS
À imagem de Jorge Jesus, Diego Simeone é um “louco” no banco: esbraceja, grita, explode. O comando apaixonado de Cholo é explicado por Basile, que o lançou na seleção
A forma intensa, por vezes intempestiva, como Simeone se comporta no banco é equiparável... à do técnico leonino. Ambos têm exigência máxima e não toleram displicências nem desconcentrações
Foi o treinador que lhe deu a camisola 10 da seleção argentina depois da retirada de Diego Maradona, com tudo o que isso acarretava. Alfio Basile sabia que Diego Simeone não era o “dez” clássico, mas tinha uma certeza: apesar dos seus 21 anos, tinha personalidade de sobra para não deixar que a a camisola lhe pesasse.
“Tem uma alma imensa, leva-te a ganhar uma guerra com uma colher e uma tampa de panela [expressão argentina]”, ilustra o técnico de 73 anos com largo passado ao comando de equipas argentinas e europeias. “Era incrível no capítulo da motivação e isso nota-se nas suas funções atuais, também. Simeone está no top 5 dos treinadores mundiais e vai ser o futuro selecionador da Argentina”, sentencia Basile a O JOGO.
“Já como jogador, notava-se que ia ser treinador. Falava, corrigia o posicionamento dos companheiros em campo e despertava-os sempre que os via distraídos ou desanimados. É como o podem ver em cada jogo, é assim que ele vive o futebol. Cada jogo é uma batalha e para ele não há lugar para os fracos. Quem não der tudo do princípio ao fim e não suar a camisola, não conta”, observa o ex-selecionador argentino, antes de traçar um perfil de Cholo e perspetivarlhe um futuro de sucesso... que pode ser travado pelos leões: “As suas equipas jogam sempre com velocidade e grande intensidade no meiocampo, agora já com alguma pausa em determinados momentos do jogo, antes era vertiginoso. Aprendeuacontrolar melhor os momentos de jogo, mas mantém uma cadência altíssima. É um técnico inteligente, que sabe preparar da melhor forma cada jogo e não vai arriscar em demasia. Parte em vantagem e vejo-o em muito boas condições para seguir em frente na Liga Europa e, porventura, triunfar.” “Mas ainda está tudo em aberto”, concede Basile.
“Cada jogo é uma batalha e para ele não há lugar para os fracos. Quem não der tudo do princípio ao fim, não conta”
“Aprendeu a controlar melhor os momentos de jogo, mas mantém as equipas a jogar numa cadência altíssima”
Alfio Basile
Ex-selecionador da Argentina