OLIVEIRENSE RENASCEU COM OS FILHOS DA TERRA
BASQUETEBOL O inédito campeão nacional não chegou ao título por acaso. O êxito foi o culminar de uma reconstrução que levou uma década
A entrada do treinador Norberto Alves e de alguns jogadores que já conhecia valeram um êxito que não surpreendeu Oliveira de Azeméis. Ali sabia-se que o regresso ao topo estava a ser preparado desde 2009
Ao fim de dez edições de Liga Portuguesa, a hegemonia de Benfica e FC Porto, os únicos a sagrarem-se campeões desde que a prova voltou a ser organizada pela Federação, foi interrompida. A Oliveirense, que tinhaum historialamargo de quatro finais perdidas nos anos da Liga de Clubes, conquistou um título inédito. O desfecho foi surpreendente para muitos, mas a maior vitória da história de Oliveira de Azeméis foi o culminar de um trabalho planeado e de vários anos. Por problemas diretivos, a equipa profissional foi extinta em 2006, dando-se o recome- ço em 2007/08, no escalão mais baixo, a antigaCNB2.Em 2009, e com a chegada de Hélder Albergaria, novo presidente da secção, o basquetebol ganhou novo impulso. “Incomodava-me que as pessoas falassem sempre nas três finais perdidas contra a PT, não viviam no presente, só falavam do passado”, recordou o responsável. O seu projeto previa uma subida em patamares, reunindo todos os atletas da cidade e os formados na Oliveirense espalhados por outros clubes. Só assim se criava uma equipa com identidade e se poupava em alojamentos ou deslocações.
João Abreu (ainda hoje capitão), Nuno Freitas, Nuno Cortez, Renato Azevedo, Rui França, João Barbosa ou Carlos Resende foram alguns dos filhos da terra que ajudaram a reerguer o clube – o último nome da casa a regressar seria o internacional José Barbosa, na época passada, como consequência da crise da Ovarense. “Eu sou de controlar as emoções, mas esta semana não dormi quase nada. O troféu não é meu, mas sinto que dei um contributo, que lutei por esta cidade e lutei bem”, diz.
Estando na Liga desde 2013/14, a Oliveirense provou estar de volta ao topo em 2015/16, quando, com José Ricardo ao leme, perdeu a negra de acesso à final do play-off frente ao Benfica por apenas dois pontos (86-84). Nos dois últimos anos, a equipa forta- leceu-se com a contratação de vários internacionais – Arnette Hallman e Barbosa foram reforços em 2016, e em 2017 chegaram João Balseiro e João Guerreiro. “Temos no nosso clube jogadores que, se calhar, outros não quiseram”, defende Albergaria.
Escolhido para treinador após quatro anos de sucesso em Angola, Norberto Alves já conhecia Arnette e Balseiro dos tempos da Académica e convenceu ainda Eric Coleman, que tinha orientado no Libolo. Sabendo tirar o melhor partido deles, Arnette até acabou como MVP da final. “Isto aqui é incrível. Estounum clube grande e têm de deixar de ver a Oliveirense como um pequeno. Seremos um alvo a abater e terá de ser assim por muitos mais anos”, completou Hallman.
“O nosso talento foi o coletivo. Não tivemos jogadores entre os 15 melhores marcadores” Norberto Alves Treinador da Oliveirense
“Ser campeão aqui dá outra responsabilidade; as pessoas são humildes, dão tudo pelos jogadores” João Balseiro
“Nem quando fui campeão pelo FC Porto houve festejos como estes. Foi incrível” Arnette Hallman
“No primeiro dia, o treinador disse que nos ia ajudar a ganhar a Liga; ficámos a olhar uns para os outros” José Barbosa Jogador da Oliveirense