Por um futuro sem divisões
Escrevo estas linhas num dia histórico para o Sporting Clube de Portugal. Provavelmente, nunca uma assembleia geral não eleitoral foi tão concorrida. Apesar de não ter dotes de adivinhação, aquilo que se vê provavelmente será a mais participada assembleia geral dos últimos anos. É sentimento geral dos sportinguistas que a sua participação é essencial para a sobrevivência do clube enquanto tal. O Sporting Clube de Portugal foi um clube que nos últimos 50 anos sobreviveu à escassez de títulos no futebol profissional e continuou a crescer no número de adeptos, conseguindo algo pouco comum, visto que apesar da carência de títulos, o entusiasmo sportinguista nunca se desvaneceu. Será talvez simplista demais dizer que o que hoje [ontem] está em jogo é a existência do clube tal como o conhecemos. Contudo, o estado a que chegámos alarmou os sportinguistas e mobilizouos para darem a sua opinião através do voto sobre a actual gestão. Sou daqueles que consideram que os erros e as atitudes menos próprias do ainda titular (ainda que suspenso) do cargo de presidente do Sporting Clube de Portugal não são de agora. Compreendo que a ausência de títulos e alguma gestão errática dos seus antecessores permitiram criar um caldo de cultura favorável aos populismos mais exacerbados e à propagação das meias-verdades em que muitos gostam de cavalgar. A eleição de um inimigo externo que mora do outro lado da Segunda Circular ajudou a consolidar esse populismo, que é estéril. Decidir hoje [ontem] pela destituição do actual Conselho Diretivo é a única decisão que pode garantir o futuro. Este, seja ele qual for, estará sempre nas mãos dos sócios e é bom que assim seja. Este “cheirinho” a um “quero, posso e mando” deve ter chegado para elucidar a maioria dos sportinguistas. O sacrifício de milhares de associados pelo que fizeram durante o dia de sábado demonstra que o clube está vivo e assim deve continuar, sem laivos de intolerância e respeitando as regras democráticas que se devem manter numa sociedade livre e que se quer evoluída.
O direito à diferença é fundamental. O direito a votar que é concedido aos sócios é essencial para garantir a coesão dos sportinguistas. O futuro próximo carece de quem seja capaz de unir e não de dividir para reinar.
O futuro próximo carece de quem seja capaz de unir e não de dividir para reinar
O autor optou por escrever na ortografia antiga