FIM DO SONHO
DOIS ERROS DEFENSIVOS BASTARAM PARA CAVANI AFASTAR PORTUGAL DO MUNDIAL
Ronaldo: “Seleção vai continuar a ser uma das melhores do mundo” Fernando Santos: “Portugal fez o suficiente para ter outro resultado”
França de Mbappé elimina Argentina de Messi
O campeão europeu disse adeus ao Mundial depois de um jogo em que teve mais posse de bola, mais passes, mais remates e mais cantos, mas no qual nunca chegou a estar verdadeiramente confortável
Já se sabia que Portugal precisava de fazer um jogo perfeito para sobrevivera o Uruguai eà dupla letal que mora no ataque dos sul-americanos. Suárez e Cavani não precisam de muito para fazer estragos e ontem bastaram dois erros defensivos para escrever a história da eliminação portuguesa do Mundial da Rússia. Quem olha para as estatísticas, esmagadoramente favoráveis à equipa portuguesa, pode imaginar um jogo diferente, mas a verdade é que, ao contrário dos portugueses, os uruguaios estiveram sempre confortáveis no jogo. Mesmo quando Pepe empatou, na sequência de um canto, nada mudou na forma de jogar de uma equipa que sabe exatamente o que quer fazer e, sobretudo, como quer fazê-lo.
A fórmula não é complicada: começa na solidez defensiva a toda a prova, que serve de base à exploração fulminante do contra-ataque por intermédio de Suárez e Cavani. É verdade que Portugal dominou o jogo. Teve mais posse de bola, mais passes, mais remates e mais cantos. Aliás, começou a dominá-lo logo desde o primeiro minuto, reclamando as primeiras oportunidades de golo, mas foi um domínio muito mais consentido pelos uruguaios do que imposto pelos portugueses. Assim, como quem dá corda para o adversário se enforcar. Foi o que aconteceu, logo aos sete minutos. Uma recuperação de Cavani no meio-campo ofensivo, o lançamento rápido para Suárez no outro lado do campo a desequilibrar a defesa e a ganhar espaço para o cruzamento letal para o mesmo Cavani, sozinho, fuzilar Rui Patrício. Assim, simples, semc orantes nemcon ser van tes,d ire toàjugul ar. Tudo o que o ataque de Portugal nunca conseguiu ser.
Instalado no conforto da vantagem, o Uruguai recuou, permitindo o adiantamento português no campo, mas mantendo Suárez e Cavani lá na frente, como a proverbial pedra no sapato da defesa portuguesa que nunca conseguiu disfarçar o desconforto. Na frente, Ronaldo e Guedes ensaiavam uma abordagem semelhante à dos uruguaios, surgindo abertos nas alas. A questão é que a aposta na largura esqueceu a necessidade de haver alguém na área que lhe pudes sedar sequência.Ha vi aR onal doe Guedes abertos, Bernardo Silva e o estreante Ricardo Pereira à direita, Raphael Guerreiro e João Mário à esquerda e ninguém em zona de finalização. O resultado era um domínio inócuo.
Um problema que Fernando Santos tratou de corrigir na segunda parte, tratando de fixar Ronaldo na área. Uma referência que seria decisiva para o golo português. Foi Ronaldo que, no coração da área, ofereceu a bola para o remate de Adrien que acabou desviado para canto. E foi o capitão que levou com ele Godín e Giménez, abrindo espaço para Pepe atacar sozinho o cruzamento de Raphael Guerreiro e fazer o empate. Sentia-se que Portugal podia crescer até porque havia Quaresma e André Silva para acrescentar ao ataque, mas não houve tempo. Aos 62’, Pepe, logo ele que foi tantas vezes o seguro de vida da Seleção, errou na abordagem a uma bola bombeada para o meio-campo português, oferecendo-a a Nandez e desequilibrando a defesa portuguesa. A bola chegou a Cavani, que, solto de marcação, rematou em arco, sem hipóteses para Rui Patrício. Percebeu-se aí o ponto final no Mundial português. É verdade que houve mais jogo, mas pouco o que contar. Portugal encostou o Uruguai às cordas e o Uruguai deixou-se encostar, encaixando todos os golpes sem nunca baixar a guarda nem dar sinais de poder ceder. Sobra esse consolo: o campeão europeu caiu a dar luta. Há quem não possa dizer o mesmo.