O Jogo

FIM DO SONHO

DOIS ERROS DEFENSIVOS BASTARAM PARA CAVANI AFASTAR PORTUGAL DO MUNDIAL

- JORGE MAIA Textos

Ronaldo: “Seleção vai continuar a ser uma das melhores do mundo” Fernando Santos: “Portugal fez o suficiente para ter outro resultado”

França de Mbappé elimina Argentina de Messi

O campeão europeu disse adeus ao Mundial depois de um jogo em que teve mais posse de bola, mais passes, mais remates e mais cantos, mas no qual nunca chegou a estar verdadeira­mente confortáve­l

Já se sabia que Portugal precisava de fazer um jogo perfeito para sobreviver­a o Uruguai eà dupla letal que mora no ataque dos sul-americanos. Suárez e Cavani não precisam de muito para fazer estragos e ontem bastaram dois erros defensivos para escrever a história da eliminação portuguesa do Mundial da Rússia. Quem olha para as estatístic­as, esmagadora­mente favoráveis à equipa portuguesa, pode imaginar um jogo diferente, mas a verdade é que, ao contrário dos portuguese­s, os uruguaios estiveram sempre confortáve­is no jogo. Mesmo quando Pepe empatou, na sequência de um canto, nada mudou na forma de jogar de uma equipa que sabe exatamente o que quer fazer e, sobretudo, como quer fazê-lo.

A fórmula não é complicada: começa na solidez defensiva a toda a prova, que serve de base à exploração fulminante do contra-ataque por intermédio de Suárez e Cavani. É verdade que Portugal dominou o jogo. Teve mais posse de bola, mais passes, mais remates e mais cantos. Aliás, começou a dominá-lo logo desde o primeiro minuto, reclamando as primeiras oportunida­des de golo, mas foi um domínio muito mais consentido pelos uruguaios do que imposto pelos portuguese­s. Assim, como quem dá corda para o adversário se enforcar. Foi o que aconteceu, logo aos sete minutos. Uma recuperaçã­o de Cavani no meio-campo ofensivo, o lançamento rápido para Suárez no outro lado do campo a desequilib­rar a defesa e a ganhar espaço para o cruzamento letal para o mesmo Cavani, sozinho, fuzilar Rui Patrício. Assim, simples, semc orantes nemcon ser van tes,d ire toàjugul ar. Tudo o que o ataque de Portugal nunca conseguiu ser.

Instalado no conforto da vantagem, o Uruguai recuou, permitindo o adiantamen­to português no campo, mas mantendo Suárez e Cavani lá na frente, como a proverbial pedra no sapato da defesa portuguesa que nunca conseguiu disfarçar o desconfort­o. Na frente, Ronaldo e Guedes ensaiavam uma abordagem semelhante à dos uruguaios, surgindo abertos nas alas. A questão é que a aposta na largura esqueceu a necessidad­e de haver alguém na área que lhe pudes sedar sequência.Ha vi aR onal doe Guedes abertos, Bernardo Silva e o estreante Ricardo Pereira à direita, Raphael Guerreiro e João Mário à esquerda e ninguém em zona de finalizaçã­o. O resultado era um domínio inócuo.

Um problema que Fernando Santos tratou de corrigir na segunda parte, tratando de fixar Ronaldo na área. Uma referência que seria decisiva para o golo português. Foi Ronaldo que, no coração da área, ofereceu a bola para o remate de Adrien que acabou desviado para canto. E foi o capitão que levou com ele Godín e Giménez, abrindo espaço para Pepe atacar sozinho o cruzamento de Raphael Guerreiro e fazer o empate. Sentia-se que Portugal podia crescer até porque havia Quaresma e André Silva para acrescenta­r ao ataque, mas não houve tempo. Aos 62’, Pepe, logo ele que foi tantas vezes o seguro de vida da Seleção, errou na abordagem a uma bola bombeada para o meio-campo português, oferecendo-a a Nandez e desequilib­rando a defesa portuguesa. A bola chegou a Cavani, que, solto de marcação, rematou em arco, sem hipóteses para Rui Patrício. Percebeu-se aí o ponto final no Mundial português. É verdade que houve mais jogo, mas pouco o que contar. Portugal encostou o Uruguai às cordas e o Uruguai deixou-se encostar, encaixando todos os golpes sem nunca baixar a guarda nem dar sinais de poder ceder. Sobra esse consolo: o campeão europeu caiu a dar luta. Há quem não possa dizer o mesmo.

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 ??  ?? Edinson Cavani parte para a festa, peranteuma formação portuguesa de caraderrot­ada face à certeza do dianteirou­ruguaio
Edinson Cavani parte para a festa, peranteuma formação portuguesa de caraderrot­ada face à certeza do dianteirou­ruguaio
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