“Sou candidato de barba rija”
Madeira Rodrigues a O JOGO:
Aos 47 anos, candidata-se pela segunda vez à liderança de um clube cuja doença se “agudizou” na reta final da era Bruno de Carvalho. A eleição de 2017 deu-lhe “couraça” para resolver os problemas do Sporting
Distingue-se por ter enfrentado Bruno de Carvalho em 2017, pelo futebol e pelas finanças. Eis Madeira Rodrigues numa entrevista de total rutura em nome do futuro, a começar já no dia 9 de setembro.
Falta menos de um mês para as eleições. Está no lugar onde queria estar?
—Sem dúvida. Tenho equipa, projeto e financiamento. No fundo, tenho tudo aquilo que épreciso para enfrentarum desafio tão grande como é ser pre- sidente do Sporting; estou onde quero porque vejo cada vez mais que me distingo dos meus adversários – todos sportinguistas, obviamente. E distingo-me em três grandes coisas: por ter enfrentado Bruno de Carvalho quando ele devia ser enfrentado; por ser o único que tem uma proposta concreta e diferenciadora para o futebol; e também por ser o único que até agora apresentou uma proposta concreta para a parte financeira. Os sportinguistas ouviram muitas mentiras sobre mim, mas agora já perceberam que eu não mentia–em relação a Bruno de Carvalho, mas também em relação a mim. O que aconteceu nas últimas eleiçõesdeu-me “couraça”: sou um candidato de barba rija.
Diz que lidera a única candidatura que prima pela diferença, mas há outras, como, por exemplo, a de João Benedito, que também vincam a sua independência, neste caso acrescentando o argumento de serem ex-atletas. Há vários níveis de diferença?
—Em relação aos três pontos que enumerei, distingo-me claramente; em relação, por exemplo, às listas compostas “O que aconteceu
nas últimas eleições deu-me ‘couraça’: sou um candidato de barba rija” por ex-atletas, até acho graça. Porquê? Porque somos a única candidatura em que os candidatos à liderança dos três órgãos sociais foram todos exatletas do Sporting [para além do próprio, Pedro Feist, candidato à Mesa da Assembleia Geral, e António Tânger Correia, candidato ao Conselho Fiscal e Disciplinar]. Quando João Benedito fala em brilhantes carreiras das pessoas que compõem a lista para a sua Direção, de facto nós temos essas carreiras. Ninguém reconhece grandes carreiras [na área da gestão] a Ricardo Andorinho, a Pedro Miguel, nem ao próprio Benedito.
Consegue identificar em que momento começa a crise do Sporting?
—Já vem de trás, muito antes de Bruno de Carvalho ser presidente. O Sporting tem uma doença que identifico: sucessivas Direções que afastaram o Sporting dos associados. Era uma espécie de dinastia, onde o poder passava de uns para os outros e que se virou para o populismo, com Bruno de Carvalho, mas como resultado do que se tinha passado. [A sua eleição] fez bem ao Sporting até certo ponto, pois ajudou a abanar o clube. Mas a verdade é que essa doença se agudizou com Bruno de Carvalho. Teve tudo na mão para resolver este problema e não foi capaz.
Mas em fevereiro, Bruno de Carvalho saiu fortalecido de uma assembleia, com 90% dos sócios a votarem na sua continuidade...
—Só isso já demonstra uma crise profunda. O que combati o ano passado, praticamente
sozinho, foi esta tentativa de controlo absoluto do clube. Senti-me bastante sozinho, não deixei de dizer o que pensava – sobre ameaças, coações –, mas depois veio ao de cima a verdade sobre Bruno de Carvalho, algo que qualquer pessoa com pretensões de ser presidente deveria ter visto há mais tempo. Como é que quem estava mais próximo de Bruno de Carvalho não deu por isso? Faz-me impressão.
Há um ponto de cisão claro entre Bruno de Carvalho e os jogadores: o pós-Madrid. Não pode ser esse o início desta propalada crise?
—Isso foi apenas a gota de água de um mal-estar que vinha de trás. Foi o início do fim para Bruno de Carvalho, que já tinha feito uma cena muito parecida em 2014/15, depois
“O pósMadrid foi apenas a gota de água de um mal-estar que vinha de trás. Bruno de Carvalho já tinha feito algo muito semelhante com Marco Silva”
de um jogo em Guimarães, era Marco Silva o treinador do Sporting. Mas nessa altura as pessoas ainda batiam palmas.
Como vê a possibilidade de Bruno de Carvalho delegar a corrida em Erik Kurgy e ser, caso este saia vencedor das eleições, nomeado líder da SAD?
—É o vale-tudo, uma fraude. Uma fraude denunciada publicamente e os juristas já explicaram que isto tem uma palavra: fraude. Mais uma. Mas Bruno de Carvalho já não engana os sportinguistas. Vai continuar a fazer isto e a última coisa que lhe interessa é o bem do Sporting. Felizmente, vi isto antecipadamente. Agora há muito mais gente connosco, gente que sabe quem são os oportunista sequem são os que trarão liderança.
“Bruno na SAD via Erik Kurgy é uma fraude. Mais uma. A última coisa que lhe interessa é o bem do Sporting”
“Assembleia dos 90%? Só isso já demonstra uma crise profunda. Combati isto, a tentativa de controlo absoluto do Sporting”
“Bruno teve tudo na mão para resolver a doença do Sporting, um problema que vem de trás, mas não foi capaz. Agudizou-se...”