O Jogo

Não pode ser normal perder em Braga

- Samuel Almeida

A MBIÇÃO E ATITUDE. Num clube como o Sporting, perder dois anos consecutiv­os em Braga – e com uma vitória nos últimos cinco anos – não pode tornar-se a normalidad­e. Apesar de ter feito o suficiente para merecer não perder, a equipa fez pouco para merecer ser feliz. Faltou uma certa arrogância e coragem para querer assumir o jogo e vencer. Ao esperar para ver o que o jogo lhe oferecia, a equipa pôs-se à mercê dos deuses da bola e perdeu. Não devemos confundir o que seja uma pressão excessiva sobre uma equipa que precisa de tempo para crescer com a falta de exigência inerente à dimensão do clube. Confesso que prefiro ver o Sporting a perder 5-3 em Braga, jogando, querendo impor seu jogo, a perder desta forma insonsa. Note-se que não está em causa a qualidade da equipa do Braga – uma equipa com bons jogadores e bem armada –, mas é bom que se diga que não estamos perante uma equipa ou um clube de dimensão comparável à do Sporting. Neste contexto, temos de exigir mais atitude, compromiss­o, ambição a esta equipa técnica e jogadores. E é bom que José Peseiro entenda que num clube como o Sporting, o problema não é não termos tido um nível de jogo igual ao do Braga – como este afirmou no final –, mas a incapacida­de de ter um nível de jogo superior ao seu adversário. Esta

nuance faz toda a diferença e foi aqui que começámos a perder. Podemos em alguns jogos não conseguir ganhar e impor o nosso jogo, mas é de exigir a atitude, coragem e ambição de o querer fazer em todas as competiçõe­s em que uma equipa do Sporting participe. Termino como comecei, não pode tornar-se normal o Sporting perder em Braga.

NANI. Nani é um filho da casa e tem demonstrad­o atitude e compromiss­o no seu regresso a Alvalade. Em Braga, cometeu um erro, colocando-se acima da equipa e privilegia­ndo o individual em detrimento do coletivo. José Peseiro, e bem, abordou o tema na conferênci­a de Imprensa de antevisão e não convocou o jogador. Assunto bem resolvido, pois num grupo de trabalho devem prevalecer a disciplina e a solidaried­ade. Saibamos, pois, não fazer deste episódio um caso.

COMUNICAÇíO. Em Braga, o Sporting publicou um tweet com uma provocação desnecessá­ria e pôs-se a jeito para a resposta do seu adversário. A resposta veio e silencioun­os. Confesso que não entendo esta forma de comunicar. Pusemo-nos a jeito desnecessa­riamente, o que não se compreende quando se tem uma estrutura profission­al responsáve­l pela área de comunicaçã­o. Estamos no início, mas temos de melhorar. Como temos de melhorar a comunicaçã­o do nosso treinador principal. José Peseiro é um bom homem e um bom treinador, mas precisa de melhorar o seu discurso, capacidade de motivar e envolver jogadores e adeptos. Tudo isto treina-se e faz parte do trabalho de um clube moderno e profission­al.

MÁRIO CASQUILHO. Tenho o privilégio de ser amigo do Mário. O outro dia estávamos a jantar e a ver o jogo com o Qarabag e o Mário informou-nos de que era o terceiro jogo na sua vida a que não assistia em Alvalade para as competiçõe­s europeias. Para que os meus amigos leitores tenham uma ideia, o Mário assistiu a 152 dos 155 jogos europeus realizados em Alvalade! O Mário é o curador da história do Sporting e uma enciclopéd­ia viva da história, cultura, valores e mística do clube. Um homem como o Mário tem de estar dentro do clube, da sua estrutura, assegurand­o a passagem de testemunho e assessoran­do as novas direções. O Mário tem de regressar e fica aqui a homenagem, mas sobretudo a mensagem para o Frederico e sua equipa.

Temos de exigir mais atitude, compromiss­o e ambição a esta equipa técnica e jogadores

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Rugidos do leão

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