“Toda a gente se sentia dona do Depor”
O Super Depor [Corunha] está na II Liga espanhola. O clube que ousou ser campeão em 2000 (e ganhar duas Taças do Rei, 1995 e 2002;etrêssupertaças,1995, 2000, 2002; além das meiasfinais da Champions perdida para o depois campeão FC Porto, em 2004) ficou marcado por Augusto César Joaquín Lendoiro, 73 anos, 25 dos quais como presidente do clube da Corunha (1988 – 2014, período áureo do emblema galego). Criador do grito de guerra “Barça, Madrid, ya estamos aquí’. “Jogávamos no fio da navalha, se um ano não entrasses na Champions, tinhas as mesmas despesas com o plantel. E gerou-se a dívida. Mas dos clubes que se endividaram, foi o único que conseguiu ser campeão”, conta a O JOGO Augusto César Marcos Lendoiro, primogénito que acompanhou o pai durante muitos anos no clube (tratava do marketing e patrocínios). A dívida do “lendoirismo” foi fixada em março de 2013 pelos administradores judiciais, nomeados pelo Estado espanhol,em156milhõesde euros, 94 dos quais às Finanças (quase um sexto do total devido por todos os clubes espanhóis). Tino Fernández, sucessor de Lendoiro e atual presidente, disse este verão que “falta liquidar 87,5 milhões”. O início do Super Depor começou em 1992, com as contratações dos internacionais brasileiros Bebeto e Mauro Silva, os primeiros de um desfile de grandes figuras do futebol mundial que culminaramnoúnicocampeonato em 2000 (com Pauleta a fazer 37 jogos e 13 golos). “Creio que há uma chave, o meu pai é um grande conhecedor de futebol e arriscou em formar a Sociedade Anónima, obrigatória em Espanha em 1992. Mas em vez de um ou dois sócios, todos os sócios tiveram uma participação por uma pequena quantia de dinheiro. Ao conseguir esse dinheiro, também criou uma massa social muito forte. Toda a Corunha se sentia dona do Depor”, explica aquele que durante anos tratava “do marketing e das ligações às empresas” do emblema. “Toda a gente se sentia dona do clube. Havia 20 mil acionistas e a maioria deles com duas ações”, sublinha. “O Depor chegou a ter 30 mil sócios, o que foi histórico porque é uma cidade de 250 mil habitantes. As chaves foram a competência desportiva e fazer das pessoas parte do clube”, conclui. E o Riazor (capacidade: 32 mil) quase sempre cheio. Aos 73 anos, Lendoiro mantém-se ativo na discussão do Deportivo e é consultor de dois clubes mexicanos.