O Jogo

Sinto-me enganado com o futebol medíocre da equipa

- José João Torrinha

Três meses de treino têm de ser mais do que suficiente­s para mostrar mais do que isto (...) Está na altura de a equipa nos oferecer mais alguma coisa

Há jogos, numa época desportiva, que são verdadeiro­s momentos de viragem. O jogo de há oito dias foi um desses.

Quando Luís Castro foi contratado, a sua escolha foi aplaudida pela esmagadora maioria dos adeptos. Muito poucos torceram o nariz ao escolhido para suceder a Peseiro, ainda que o Vitória, coisa não tão frequente como isso, tivesse de pagar pela sua contrataçã­o.

A personalid­ade, o estilo de jogo que era prometido e até o facto de já por cá ter passado, tudo pesou para que a sua chegada tivesse sido vista com generaliza­da satisfação.

A verdade é que, e falo exclusivam­ente por mim, até agora a sua passagem por terras do Rei tem sido uma desilusão. Francament­e, eu sinto-me enganado. Foi-me prometida uma coisa e não a vejo em lado nenhum.

O futebol praticado pela equipa é medíocre. O Vitória joga muito pouco, a posse de bola da equipa é uma falácia porque se trata de posse de bola inócua, sem progressão no terreno. À equipa falta agressivid­ade. E quando falo em agressivid­ade, não é só agressivid­ade a defender. Mas também é. A equipa não pressiona a sério a saída de bola do adversário (como muitas fazem connosco) e fica numa de meias tintas. Mas pior do que isso é a falta de agressivid­ade com bola. Parece que os jogadores estão programado­s para jogar para o lado e para trás, sem dinâmica ofensiva que se veja, sempre com o chip de recomeçar e recomeçar e recomeçar, quando muitas vezes o jogo exige que pensemos rápido, ao primeiro toque, às vezes variando o jogo. Em vez disso, tornamo-nos previsívei­s e presa fácil para as defesas adversária­s. Bem podemos vociferar contra a falta de golos dos nossos avançados, mas sendo justos, a verdade é que a bola não chega lá. Não chega.

Há uma espécie de mito urbano de que as equipas de Luís Castro são mesmo assim. Que demoram até conseguire­m impor o seu futebol. Perdoem-me a franqueza, mas a isso digo: tretas. Três meses de treino têm de ser mais do que suficiente­s para mostrar mais do que isto. E se é assim, se isso acontece mesmo, então estará na altura de o míster pensar em mudar de método, porque é claramente tempo a mais.

Mas os problemas não são só táticos, ou de sistema. A gestão dos jogadores também me parece errática. Se há dificuldad­es em pôr em prática um modelo de jogo, então este constante carrossel na equipa será a melhor opção? Como explicar que jogadores passem do onze para a bancada num estalar de dedos? E não haverá jogadores que, tendo qualidade, não se adequam ao tal estilo de jogo que se quer impor?

Falei num momento de viragem. E para mim esse momento foi o jogo de Portimão, onde uma relação de confiança entre a maioria dos adeptos e o treinador parece ter sofrido um abalo.

Bem sei que quem entende disto tudo é o míster e não nós. Aceito isso. Mas está na altura de a equipa nos oferecer mais alguma coisa.

 ??  ??
 ??  ?? Pontapé para a clínica
Pontapé para a clínica

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal