O Jogo

O clássico em números: recorde de Vítor Pereira em década azul

- Luís Cristóvão

O lhando para os dados, jogo a jogo, da última década de confrontos entre Benfica e Porto, a tendência de domínio é claramente azul e branca. Os portistas venceram nove dos 20 encontros disputados, para apenas três vitórias dos encarnados, dominando também a quase toda a linha nos remates, ataques e posses de bola. E, no entanto, o número de títulos dividiu-se em cinco para cada lado. O maior espetáculo ofensivo da década Nesta década de clássicos, há um jogo que atingiu números muito acima do habitual. Na noite de 23 de setembro de 2011, Vítor Pereira liderava o FC Porto para receber o Benfica de Jorge Jesus pela primeira vez. Foram 71 ações de ataque para os portistas, com os encarnados a respondere­m com 49 iniciativa­s, numa partida que também animou pela marcha do marcador. O FC Porto abriu por intermédio de Kléber ainda na primeira parte, Cardozo empatou no regresso dos balneários, para Otamendi devolver a vantagem poucos minutos depois. Nico Gaitán, já perto do fim, delineou aquele que foi o golo do empate num jogo que deixou saudades.

Acalmar o entusiasmo Se o clássico é sempre um jogo que alimenta a expectativ­a dos adeptos, a história recente destes confrontos apresenta uma média levemente superior a um golo por jogo (1,2), resultante de 10,8 remates e 29,5 ataques. Mas a contribuir para estas médias existe um emblema claramente superior ao outro, com o FC Porto a somar mais golos (1,45), mais remates (11,85), mais ataques (33,95), mais cruzamento­s (15,6) e mais foras de jogo (3,75), assumindo também uma média de posse de bola superior ao seu rival (53%).

Não espanta por isso que os azuis e brancos venham dominando a história recente do clássico, apenas permitindo três vitórias ao Benfica em 20 jogos, todas elas obtidas com Jorge Jesus ao leme dos encarnados. É assim necessário recuar a 2014 para encontrar as últimas vitórias do Benfica em jogos do campeonato frente ao FC Porto, uma na Luz, outra no Estádio do Dragão. FC Porto dominante, Benfica de altos e baixos Em 15 dos últimos 20 jogos, o FC Porto terminou o encontro com mais posse de bola do que o seu rival, demonstran­do qual a equipa que mais iniciativa tem demonstrad­o. Por três vezes repetiu o máximo deste período, 18 remates, com a curiosidad­e de duas delas terem acontecido em partidas consecutiv­as, nas vitórias por 3-1 (2009/10, com Jesualdo Ferreira) e 5-0 (2010/11, com André Villas-Boas), número que só voltou a ser repetido no único clássico de Luís Castro, em 2013/14.

O FC Porto que teve mais bola em clássicos na última década foi o de Julen Lopetegui, com o recorde a ser batido no encontro de 2015/16 que foi resolvido com um golo de André André no minuto 86. Do lado encarnado, o recorde de posse de bola é mais recente, batido em 2016/17, já com Rui Vitória, com o encontro a terminar empatado.

No que toca a jogos com mais remates, o Benfica apresenta quatro ocorrência­s de 16 remates, duas delas nos clássicos da primeira temporada de Jorge Jesus, outras duas nas épocas de 2015/16 e 2016/17, com o atual técnico dos encarnados. No entanto, apenas por uma vez nestes encontros o Benfica venceu. É dos encarnados, no entanto, um recorde de eficácia, datado da visita ao Dragão em 2014/15: o Benfica fez apenas cinco remates, marcando dois golos, por intermédio de Lima, numa vitória que começou a abrir o caminho para o último título de Jorge Jesus.

Ataques: o de Vítor Pereira fez 71 no clássico de setembro de 2011

Remates: de 40% Benfica com eficácia em cinco disparos em 2014, dois golos

A história tática da década

Com Quique Flores como técnico em 2008/09, o Benfica viu entrar Jorge Jesus na segunda época desta década para marcar taticament­e o período. Com um jogo marcadamen­te ofensivo, essa tendência sentiu-se na primeira época de Jesus, no que toca aos clássicos, mas foi-se esbatendo ao longo do seu percurso enquanto treinador. Rui Vitória manteve os princípios básicos do antecessor nas primeiras temporadas, até começar a introduzir um terceiro médio no atual esquema. Nos clássicos, sente-se uma equipa que remata mais mas que dificilmen­te consegue ser eficaz, como se comprova pelo facto de o Benfica não ter ganho ainda qualquer encontro frente ao Porto desde a mudança técnica.

No caso do FC Porto, é mais difícil marcar uma tendência. Jesualdo Ferreira foi o técnico nas primeiras duas épocas da década e foi substituíd­o por André Villas-Boas, que marcou este período pela qualidade de jogo do seu onze. Na história dos clássicos, detém o recorde de mais golos marcados da década, num dos jogos com mais remates para os portistas e também naquele que mais eficácia demonstrou. Com Vítor Pereira, a equipa esteve no já referido “jogo da década”, enquanto Julen Lopetegui se apresentou como o treinador com mais posse de bola deste período. Com Sérgio Conceição, a equipa ainda não sofreu golos, algo que também só tinha acontecido na primeira temporada do técnico espanhol. Com o próprio treinador a colocar as dinâmicas coletivas acima dos sistemas, o FC Porto demonstra ser hoje uma equipa preparada para diferentes contextos.

Há golos ou não?

O que parece ser certo é que, nas últimas temporadas, o clássico tem arrefecido na capacidade de finalizaçã­o. Em sete jogos, apenas uma vez uma equipa marcou mais de um golo (FC Porto, em 2015/16), com o Benfica a não atingir uma eficácia mínima de 10% na comparação entre o número de remates e os golos alcançados nas derradeira­s três temporadas. Um dado importante a ter em conta no momento de entrar em campo, na tarde deste domingo, no Estádio da Luz.

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