O Jogo

LEÕES SUARAM PARA DRIBLAR A RAÇA SALOIA

SUSTO À boleia de Bruno Fernandes e Nani, as grandes individual­idades em campo, a turma lisboeta avançou na Taça, mas José Peseiro acabou a olhar para o relógio

- Textos DUARTE TORNESI

Um golo à beira do intervalo e uma boa entrada na segunda parte acabaram por desequilib­rar a balança a favor da equipa de Alvalade, que, ainda assim, acabou o jogo frente ao “grande” rival com o credo na boca

Longe de fazer valer o estatuto de grande favorito ao nível do futebol jogado, o Sporting logrou alcançar o seu grande objetivo, que passava pelo apuramento para a próxima eliminatór­ia da Taça de Portugal, mas viu o Loures iluminado pelas luzes da ribalta que tão bem conhece. Lenta e previsível quando a bola não passava pelos pés de Jovane, a turma de Alvalade contou com as suas grandes individual­idades no papel – Bruno Fernandes e Nani – para resolver a contenda, mas uma vez mais ficaram à vista as limitações do plantel às ordens de José Peseiro, bem como a intranquil­idade que insiste em assolar a formação verde e branca a cada semana que passa.

Lançado em 4x2x3x1, com Nani no apoio a Castaignos, o Sporting não entrou bem no encontro e facilitou a vida à equipado Campeonato de Portugal, que, fiel ao que tinha prometido o treinador André David, se esforçou por praticar um futebol positivo e apoiado, sem olhar ao aparente fosso competitiv­o entre as duas equipas. Resistindo ao pontapé para a frente, tantas vezes associado às equipas do seu escalão, o Loures fez uma excelentep­ropaganda a um futebol que passa longe dos palcos mais mediáticos, embora lhe tivesse faltado mais acutilânci­a na hora de atacar a baliza dos leões na primeira parte. Aos soluços e solavancos, o Sporting fez valer a sua maior experiênci­a e ratice para retomar o controlo do encontro, mas só de bola parada conseguia fazer cócegas ao rival. No entanto, quando o nulo parecia condenado a perdurar até ao intervalo, Bruno Fernandes arriscou um míssil de fora da área que só parou nas redes de Miguel Soares, que podia ter feito mais para travar o disparo do internacio­nal português.

O golo sofrido à beira do descanso represento­u uma machadada na confiança do Loures, que no reatar do encontro não conseguiu igualar o nível exibiciona­l da primeira parte. Revelando mais confiança e acerto, o Sporting invadiu então os terrenos adversário­s à boleia das investidas de Nani e Jovane, com este a ganhar um penálti logo aos 49 minutos. Chamado à marca dos onze metros, Bruno Fernandes permitiu a defesa de Miguel Soares, mas só foram precisos mais seis minutos para Nani “remendar” o erro do colega e marcar o 2-0, que parecia ter posto uma pedra em cima das boas intenções do Loures e proporcion­ado um arranque para uma goleada que, em tempo de crise, poderia servir para reconcilia­r equipa e adeptos. Puro engano.

Adormecida pela vantagem de 2-0 e pelas substituiç­ões de marcha-atrás de José Peseiro, o coletivo de Alvalade regressou aos nefastos vícios da primeira metade e deu um bálsamo ao Loures, que, apesar do evidente cansaço físico, partiu para o tudo ou nada em busca do sonho de se tornar o mais recente tomba-gigantes da prova. Aos 60’ e aos 79’, Rodrigo Thompson e Miguel Oliveira, respetivam­ente, tiveram nos pés flagrantes oportunida­des para bater Renan, mas não revelaram a frieza necessária para marcar o golo que podia abalar as fundações dos leões. Este acabaria por surgir tarde demais, aos 90’+1’, quando Juninho aproveitou uma avenida aberta no lado direito da defesa dos leões para marcar o tento que o Loures tanto fez por merecer – José Peseiro e a sua equipa técnica suspiraram a olhar para o relógio a segundos do fim. A glória, essa, vai para o Sporting, mas quem esteve em Alverca guardou a sua ovação para a raça saloia, que tão bem represento­u o espírito da prova.

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Carlos Mané deu lugar a Petrovic e a equipa abrandou

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