O Jogo

Os símbolos

- Samuel Almeida

U m clube com a dimensão do Sporting é feito de grandes símbolos, lendas do desporto nacional e mundial. O clube tem uma dimensão ímpar no desporto mundial e a sua história confunde-se com a história de grandes figuras do desporto. Não são os dirigentes que fazem a história dos clubes, mas sim aqueles que representa­m as cores do clube e deixam a sua marca pelos seus desempenho­s desportivo­s, seu carácter, sua dedicação e feitos.

Saber respeitar a história e a memória destes homens é o primeiro passo para preservar a cultura do clube, seus valores e a mística. A mística, aliás, é um ativo intangível com muitas componente­s da cultura do clube, os hábitos de vitória, uma vontade indomável coletiva de superação e os próprios marcos da história. É esta cultura que passa de geração em geração e faz do Sporting um clube único em todas as suas dimensões. Nossos rivais, aliás, têm enorme dificuldad­e em entender como é possível o clube manter esta implantaçã­o e vitalidade apesar dos insucessos no futebol. Não entender estes fenómenos é ignorar alguns dos fundamento­s básicos da gestão desportiva.

Estas consideraç­ões surgem a propósito de Rui Patrício. Não me vou pronunciar sobre o processo de rescisão, os fundamento­s invocados ou o que se passou nos últimos meses. Não há inocentes, mas não pretendo de todo entrar na polémica, sobretudo porquanto qualquer consideraç­ão nesta fase pode prejudicar os superiores interesses do clube. Tal circunstân­cia, contudo, não me impede de fazer um reconhecim­ento público ao grande atleta e capitão Rui Patrício. Foram 467 jogos de leão ao peito, o segundo jogador com mais jogos da história do clube. O Rui merece – mesmo que alguns ainda estejam magoados com a sua saída do clube – uma palavra de apreço, reconhecim­ento e agradecime­nto por tudo o que fez ao serviço do Sporting. Um jogador desta qualidade e com o seu curriculum merecia ter-se sagrado campeão e terminar a sua carreira em Alvalade. Para a memória fica a sua última grande exibição no dérbi contra o Benfica. Ainda bem que tudo foi resolvido a bem, sabendo-se hoje que o Rui teve um papel essencial para viabilizar um acordo. Obrigado, Rui, e espero que voltes a Alvalade, a tua casa, para terminares a carreira.

O caso do Rui não é virgem em Alvalade e deve obrigarnos a uma reflexão. Quantos símbolos do clube saíram pela porta pequena? Damas saiu e regressou, Manuel Fernandes terminou a sua carreira longe de Alvalade e muitos outros nomes poderiam ser recordados. Temos de encontrar uma forma de trazer de volta e homenagear todos os símbolos do clube. Deixo uma sugestão ao Frederico: colocar em todas as portas de acesso ao Estádio de Alvalade uma placa e o nome de um grande atleta do clube. A união também se faz da reconcilia­ção com o passado e com o reencontro com a história.

Nota finais: a semana passada critiquei a atitude de algumas das equipas do clube. Hoje, gostava de realçar a combativid­ade e garra da equipa de hóquei no jogo com o seu rival. Bela partida e bela demonstraç­ão de querer e raça. Este é o meu Sporting!

Olhar para a seleção e não ver nenhum atleta do clube mostra bem a herança que é deixada da gestão dos últimos anos. Há muito trabalho por realizar em Alvalade, mas Frederico faz bem em eleger a formação como uma das suas prioridade­s.

Obrigado, Rui. [...] Temos de encontrar uma forma de trazer de volta e homenagear todos os símbolos do clube

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