Os símbolos
U m clube com a dimensão do Sporting é feito de grandes símbolos, lendas do desporto nacional e mundial. O clube tem uma dimensão ímpar no desporto mundial e a sua história confunde-se com a história de grandes figuras do desporto. Não são os dirigentes que fazem a história dos clubes, mas sim aqueles que representam as cores do clube e deixam a sua marca pelos seus desempenhos desportivos, seu carácter, sua dedicação e feitos.
Saber respeitar a história e a memória destes homens é o primeiro passo para preservar a cultura do clube, seus valores e a mística. A mística, aliás, é um ativo intangível com muitas componentes da cultura do clube, os hábitos de vitória, uma vontade indomável coletiva de superação e os próprios marcos da história. É esta cultura que passa de geração em geração e faz do Sporting um clube único em todas as suas dimensões. Nossos rivais, aliás, têm enorme dificuldade em entender como é possível o clube manter esta implantação e vitalidade apesar dos insucessos no futebol. Não entender estes fenómenos é ignorar alguns dos fundamentos básicos da gestão desportiva.
Estas considerações surgem a propósito de Rui Patrício. Não me vou pronunciar sobre o processo de rescisão, os fundamentos invocados ou o que se passou nos últimos meses. Não há inocentes, mas não pretendo de todo entrar na polémica, sobretudo porquanto qualquer consideração nesta fase pode prejudicar os superiores interesses do clube. Tal circunstância, contudo, não me impede de fazer um reconhecimento público ao grande atleta e capitão Rui Patrício. Foram 467 jogos de leão ao peito, o segundo jogador com mais jogos da história do clube. O Rui merece – mesmo que alguns ainda estejam magoados com a sua saída do clube – uma palavra de apreço, reconhecimento e agradecimento por tudo o que fez ao serviço do Sporting. Um jogador desta qualidade e com o seu curriculum merecia ter-se sagrado campeão e terminar a sua carreira em Alvalade. Para a memória fica a sua última grande exibição no dérbi contra o Benfica. Ainda bem que tudo foi resolvido a bem, sabendo-se hoje que o Rui teve um papel essencial para viabilizar um acordo. Obrigado, Rui, e espero que voltes a Alvalade, a tua casa, para terminares a carreira.
O caso do Rui não é virgem em Alvalade e deve obrigarnos a uma reflexão. Quantos símbolos do clube saíram pela porta pequena? Damas saiu e regressou, Manuel Fernandes terminou a sua carreira longe de Alvalade e muitos outros nomes poderiam ser recordados. Temos de encontrar uma forma de trazer de volta e homenagear todos os símbolos do clube. Deixo uma sugestão ao Frederico: colocar em todas as portas de acesso ao Estádio de Alvalade uma placa e o nome de um grande atleta do clube. A união também se faz da reconciliação com o passado e com o reencontro com a história.
Nota finais: a semana passada critiquei a atitude de algumas das equipas do clube. Hoje, gostava de realçar a combatividade e garra da equipa de hóquei no jogo com o seu rival. Bela partida e bela demonstração de querer e raça. Este é o meu Sporting!
Olhar para a seleção e não ver nenhum atleta do clube mostra bem a herança que é deixada da gestão dos últimos anos. Há muito trabalho por realizar em Alvalade, mas Frederico faz bem em eleger a formação como uma das suas prioridades.
Obrigado, Rui. [...] Temos de encontrar uma forma de trazer de volta e homenagear todos os símbolos do clube