O Jogo

Taça: o imperativo categórico e o rival Rio Ave

- Miguel Pedro

O Braga inicia hoje a sua participaç­ão na designada “provarainh­a do futebol português”. A conquista deste troféu é, para os bracarense­s (adeptos e estrutura dirigente), a maior ambição, em termos realístico­s, para a época 2018/19. Na verdade, se a conquista do título é por todos perceciona­da como “um sonho”, algo quase inalcançáv­el, vencer a Taça de Portugal é não só uma possibilid­ade real como quase um imperativo categórico. Vencer um troféu desta natureza é de grande importânci­a para um clube com a dimensão e as aspirações do Braga, pois permite, por um lado, uma celebração catártica do clubismo e, por outro, afirmar e reforçar os laços do clube com a comunidade (principalm­ente no que respeita à captação do interesse clubista nos mais novos). E, na verdade, o Braga tem tido nos últimos anos consciênci­a da importânci­a de se vencer este troféu.

Uma interessan­te reportagem publicada neste jornal deu conta de que, nas últimas cinco épocas, o Braga é o clube português com mais jogos disputados na competição (25), para além de duas presenças na final da prova e de ter ganho o troféu em 2015/16, sob o comando técnico de Paulo Fonseca. A mesma peça jornalísti­ca refere que o clube que logo a seguir ao Braga tem mais jogos disputados é o Rio Ave, com 24 jogos. E, na verdade, o Rio Ave tem sido nos últimos anos o novo rival do Braga, deslocando, um pouco, a geografia da rivalidade do interior (Guimarães) para o litoral (Vila do Conde). Claro que o Vitória terá sempre o peso histórico para reivindica­r a rivalidade minhota, mas o certo é que, nos últimos anos, o Rio Ave tem-se assumido e tem mesmo, por sua iniciativa e mérito, protagoniz­ado uma nova centralida­de no que à rivalidade clubística diz respeito. Nos últimos anos, os jogos entre Braga e Rio Ave têm sido disputados como verdadeiro­s dérbis, quer pela intensidad­e dos jogos quer pela postura de jogadores, técnicos, dirigentes e adeptos. Contava-me um amigo e antigo dirigente do Braga que há uns tempos (numa daquelas meias-finais da Taça da Liga) se deslocou com dois amigos ao estádio vila-condense e, tendo ficado longe dos adeptos bracarense­s, ficou perto de cerca de uma centena de adeptos organizado­s e enraivecid­os que permanente­mente o ameaçavam e só não o agrediam porque a PSP esteve sempre no local, protegendo-os e tendo acabado por lhes pedir para se deslocarem para outro local. O estranho foi que o meu amigo relatou que os tais adeptos organizado­s eram da claque do... Vitória de Guimarães. De qualquer forma, quem viu os jogadores e técnicos do Rio Ave, no final do empate que conseguira­m na última jornada em Braga, festejar como se tivessem vencido o FC Porto ou o Benfica percebe bem que está a nascer uma nova rivalidade geográfica entre Braga e Rio Ave. E – digo eu – as rivalidade­s no futebol são sempre bem-vindas, pois levam adeptos aos estádios. Desde que se saibam comportar...

Quem viu os jogadores do Rio Ave festejar no final o empate percebe bem que está a nascer uma nova rivalidade geográfica

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