O Jogo

“Chorava todos os dias”

A adaptação à Rússia foi complicada e desistir passou-lhe várias vezes pela cabeça. O frio e a língua foram o pior...

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O avançado garante que o mais desgastant­e são as viagens de avião. Quando chegou, em dois dias fez logo 20 horas de voo. Zé Luís chorou tanto que congelou

Esteve para fazer as malas e deixar a Rússia, sentiu-se perdido e questionou-se várias vezes. Durante ano e meio, Zé Luís sofreu sozinho por causa do salto que deu do Braga para o Spartak Moscovo. Mais do que mudar de clube, o avançado mudou de vida e a adaptação custou, até começar a perceber o russo. O que foi mais difícil quando assinou pelo Spartak Moscovo? —Foi a língua, o frio, a cultura. Foi um choque. Passados uns dias, queria ir embora. Nunca fui uma pessoa de se acomodar no conforto, porque vim de baixo. Pensei que tinha de ficar, suportar o frio, o trânsito que é incrível, a língua, porque não falava nada, nem o inglês... Houve uma grande mudança... —É muita coisa junta para resolver. Foi um primeiro ano muito sofrido, chorava quase todos os dias em casa. Perguntava-me muitas vezes o que é que estava a fazer aqui. A vontade de desistir e voltar era muita. Cresci com essas dificuldad­es. Fiquei mais frio, agora é mais difícil chorar [risos], depois de um ano a chorar... Acho que congelei um bocado [risos], é da temperatur­a, mas sinto-me mais forte psicologic­amente. Resolvo problemas sem entrar em pânico, consigo Em pouco mais de três épocas, o avançado ex-Braga marcou 20 golos na Liga. A época mais produtiva é a atual, com cinco golos em 10 desafios encarar dificuldad­es de frente, cresci como homem aqui. O futebol na Rússia também é diferente? —É agressivo, tanto física como psicologic­amente. Estamos sempre a viajar. Fazemos um jogo em casa e vamos logo apanhar um avião. Quando cheguei, apanhei uma equipa na Taça da Rússia, que nos fez viajar 10 horas para cada lado. Voltámos no mesmo dia. Em dois dias fiz 20 horas de voo. Mas nem foi o mais distante, porque podia ter calhado fazer 11 ou 12 horas de voo com outros adversário­s. A partir de que altura se começou a sentir mais confortáve­l? —Quando comecei a entender a língua tornou-se mais fácil. Embora falar seja quase impossível.

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