Orçamentos astronómicos e protesto
Dos 160 milhões do FC Porto a uns modestos 3,5 milhões
Futebol profissional prepara iniciativa contra os impostos. Há uma reclamação geral para baixar o IVA de 23% para 6% e ainda para reduzir as contribuições sociais e fiscais e os seguros desportivos
Nos bastidores do futebol profissional, prepara-se um pronunciamento contra os impostos. “Há uma reclamação geral para baixar o IVA de 23% para 6% e também reduzir as contribuições sociais e fiscais e os seguros desportivos”, conta a O JOGO Gustavo GramaxoRozeira,advogadoeconsultor jurídico da Liga (a Secretaria de Estado do Desporto e Juventude não quis comentar). Simultaneamente, foram apresentados orçamentos de 160 milhões de euros por FC Porto e um pouco abaixo disso por parte do Benfica.
“Os atletas de alta competição integram uma profissão de desgaste rápido, que devia ter regimesespeciaisdecontribuições fiscais e sociais, como tiveram em tempos. Quem acabou com isso foi Manuela Ferreira Leite”, explica o jurista.
Emcontraciclocomoselevados custos impostos pelo Fisco, Segurança Social e os seguros regulamentares, esta época, segundo apurou O JOGO, apresentaram-se orçamentos muito elevados. Obviamente, apenas pelos três grandes. Mais exatamente, o FC Porto, que na candidatura à liga mostrou uma previsão de receitas na ordem dos 160 milhões de euros – contando arrecadar 70 milhões na Liga dos Campeões, valor que somará chegando aos bem encaminhados oitavos de final; 40 milhões do novo contrato de direitos televisivos com a Altice, nove milhões de bilheteira, etc. O Benfica ficou ligeiramente abaixo, alguns milhões, mas perto o suficiente para deixar o rival Sporting com metade dos valores de dragões e águias. Os leões previram um orçamento de cerca de 80 milhões de euros, mais do dobro do que o Braga – não chega aos 40 milhões. A assimetria concretiza-se olhando para os clubes mais modestos, que têm orçamentos de 3,5 milhões de euros, o mínimo da I Liga. Há emblemas do principal campeonato que não pagam salários mensais superiores a 2500 euros. Brutos.
No principado do Mónaco não se paga impostos sobre o rendimento – IRS de 0%. Em 2014, o AS Mónaco pagou 50 milhões de euros aos outros clubes da Ligue 1 para permanecer sem pagar impostos a jogar na Ligue 1 No extremo oposto, os países nórdicos. A Suécia é campeã na coleta futebolística e aplica IRS à taxa de 61,85%. A vizinha Dinamarca cobra aos clubes 55,8% sobre os rendimentos (Bélgica fica perto: 53,7%)