De camisola 10 a suplente
Em pouco mais de três meses, Peseiro passou de “o” treinador de Frederico Varandas a dispensável. Continuam os tiros nos pés
H á quem diga que o Sporting se anula a si próprio. E cada vez mais acredito nesta corrente. Antes de se sentar na cadeira do poder, ainda na pele de candidato, Frederico Varandas destacava a escolha cirúrgica e inteligente de Sousa Cintra para o comando técnico do Sporting. “Acho que é muito feliz a escolha de um treinador português, que conhece o futebol português, que sabe o que é jogar em campos como o do Tondela ou do Desportivo das Aves. Não é um técnico que chega e que conhece apenas o FC Porto e o Benfica. José Peseiro é um homem competente. É o treinador do Sporting e será o meu treinador caso seja eleito.” Passados pouco mais de três meses, repito, três meses, em entrevista ao “Expresso”, o cenário muda radicalmente e Peseiro passa de “o” treinador a dispensável, de titular indiscutível, com a camisola 10, a suplente: “No Sporting que eu idealizo, a equipa tem de jogar melhor pelo menos em 32 jornadas do campeonato – pode nem ganhar, mas tem essa obrigação. (...) É assim que o Sporting será. Hoje não é. Sinto-me satisfeito com a qualidade de jogo? Não. Nem eu, nem o grupo, nem o treinador.” “Eu quero os melhores jogadores e o melhor treinador”, acrescentou ainda o presidente. Peseiro foi mais comedido nos comentários, mas acusou o toque: “O clima muitas vezes é adverso.” As declarações de Varandas indiciam claramente que o atual treinador do Sporting, o homem que pegou na equipa em condições e circunstâncias muito adversas, tem os dias contados. Peseiro, afinal, não é o treinador de Varandas. O líder leonino poderia, no entanto, ter poupado os sportinguistas a esta encenação e, já agora, a mais uns tiros nos pés.
Peseiro, afinal, não é o treinador de Varandas. O líder leonino poderia, no entanto, ter poupado os sportinguistas a esta encenação