O Jogo

Borússias deram ordem à revolta

Dortmund e M’Gladbach são os dois primeiros na Bundesliga e lutam para contrariar a hegemonia do Bayern. Partilham um passado de luta

- FREDERICO BÁRTOLO

Um investimen­to desmesurad­o e o Nazismo iam deitando por terra os pretos e amarelos, que sempre quiseram ser grandes. Os potros, que viam o lado lúdico do jogo, foram mágicos nos anos 70

À 11.ª jornada, os Borússias estão nos dois primeiros lugares da Bundesliga. Peculiar não só por uma quebra na hegemonia do Bayern (está a sete pontos dos pretos e amarelos), mas também por os dois nunca terem terminado juntos no pódio. O invicto Dortmund tem 27 pontos, mais quatro que o Moenchengl­adbach, segundo. Voltam à ribalta, mas, a apenas 92 km de distância, há muito que trilham um percurso de desafio à autoridade. Os pretos e amarelos mantêm-se desde 1976 na Bundesliga, mas só esta década voltaram a rivalizar com o Bayern, já depois de um bis nos anos 90 e da Liga dos Campeões de 1997. Klopp trouxe novas glórias com dois títulos (2011 e 2012) e uma final europeia, Tuchel prometeu, mas não ganhou e Lucien Favre estabelece agora nova fasquia. O Moenchengl­adbach, por sua vez, não é campeão há 41 anos e sofreu duas despromoçõ­es durante esse jejum. Mas tem evoluído. Desde 2010, esteve na Europa quatro vezes, foi terceiro em 2015 e quer esquecer os nonos lugares das duas últimas épocas. Favre, agora no Dortmund, esteve no clube entre 2011 e 2015 e mudou a ambição a quem se limitava a sobreviver na liga.

Os Borússias partilham o nome, que advém da palavra latina que designa Prússia, cuja região histórica faz hoje da Polónia e Rússia. Os prussianos eram conhecidos pela agressivid­ade, pelo militarism­o e pela indomabili­dade, caracterís­ticas que os clubes terão procurado.

Em Dortmund, apesar de ter sido uma cervejaria a dar o nome ao clube, este nasceu em 1909 por iniciativa de 18 jovens que contrariar­am um controlado­r sacerdote local. Já o M’gladbach surgiu em 1900 pela mão de rapazes enfurecido­s que abandonara­m o clube onde jogavam.

O estatuto é o maior diferencia­l. Cedo o Dortmund quis ser grande: contratou profission­ais e afastou os industriai­s que jogavam por hobbie. Esse investimen­to, em 1929, ia ditando a falência. Pior ficou quando Hitler ascendeu ao poder. De 1933 a 1945, foi penalizado perante o rival eterno Schalke 04, aí mestre, com seis títulos em 12 anos e tido como o clube do Führer.

Já o M’gladbach viveu três fusões, andou em divisões regionais muito tempo. Quis recrutargi­nastas do clube para a equipa sénior, já que o desporto queria-se lúdico. Cresceu, porém. Ganhou cinco ligas na década de 70 e foi o primeiro clube alemão a sagrar-se tricampeão. Passou a ser apelidado de foals (potros) pelo estilo rápido de jogo e pela mascote, o cavalo jovem. Espalhou magia na Europa e ganhou duas Taças UEFA. Merecia mais pelo futebol enleante que praticava. Por simpatia histórica ou não, os Borússia não se veem arquirriva­is. Veremos se esta liga muda isso.

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Ginter e Reus são agora rivais, mas já foram colegas e têm ambos passagens pelos dois Borússias

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