O Jogo

O Fenómeno desembrulh­ou

- Jorge Costa

Gostei de muitas coisas: do onze, do sistema, das escolhas, mesmo que Bruno, Félix e Bernardo tenham estado abaixo do expectável

Independen­temente do resultado, que foi excelente para Portugal, gostei de muita coisa. Comecei por gostar do onze inicial, do aproveitam­ento inteligent­e que o Fernando Santos fez dos jogadores que acabaram a época em grande forma: Bruno Fernandes e João Félix. Porque a Seleção é isto: um núcleo duro e o saber aproveitar o momento de alguns jogadores. Sei que no final de um jogo que se ganha é fácil dizer bem ou mesmo que esteve tudo perfeito, mas teria a mesma opinião se Portugal não tivesse vencido. É que também gostei do sistema. Jogar em losango não é propriamen­te uma novidade, mas era exatamente aquilo de que a Seleção precisava. Tentando entrar um pouco na cabeça do Fernando Santos, percebe-se que a principal razão para jogar desta forma foi o facto de não ter um ponta de lança. Nestes casos há que encontrar um sistema que conduza ao sucesso. Ronaldo não é ponta de lança, é

preciso jogar com dois na frente e a escolha foi boa. Também gostei de ver Bernardo Silva na posição 10. Quando olhei para a equipa, disse para comigo: bem pensado, grande ideia! E agora passamos à fase da contradiçã­o. É que apesar de tudo parecer perfeito, individual­mente João Félix e Bruno Fernandes jogaram abaixo do que seria expectável, até a Bernardo Silva já vi fazer melhor. Mas depois, no momento certo, apareceu o Fenómeno e desembrulh­ou o jogo. Goste-se ou não dele, Cristiano Ronaldo faz a diferença como nenhum outro, é fantástico e foi-o mais uma vez.

Voltando ao trio. É natural que não tenham conseguido jogar tudo o que se esperava deles. Foram três jogadores que festejaram, dois foram campeões, outro fechou a época com a Taça. Depois de onze meses de trabalho, os festejos fazem parte mas roubam um pouco o foco. E foi o que lhes aconteceu. Atenção!, isto não é uma crítica, é uma constataçã­o. Sei do que falo, porque, felizmente, festejei muitas vezes durante a minha carreira de jogador. Agora um reparo. Passei os últimos dias na ação de formação e reciclagem da UEFA Pro e num dos dias levei com o João Ferreira durante mais de duas horas a falar de videoárbit­ro. E não me lembro de o ter ouvido dizer que o guarda-redes não podia jogar com as mãos dentro da sua área. É que só pode ter sido essa a razão que levou o árbitro a assinalar penálti. Aquilo foi um absurdo. O Nelson Semedo só correu para a bola, olhou em frente não fez nada de errado. O árbitro tem de perceber quais são os movimentos dos jogadores. O erro não tirou Portugal da final, mas não deixou de ser ridículo.

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