O Jogo

ESPOSAS E NAMORADAS Má sorte nascer futebolist­a

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eio sobre a preocupaçã­o do Paris Saint-Gérmain em esconder do público a namorada de De Ligt, num momento em que a rapariga passa por Paris para escolher uma casa onde possa instalar-se caso o holandês firme contrato com o clube, e torno a perguntar-me: mas para que raio precisamos nós de conhecer a namorada de De Ligt a um ponto que, como elemento de curiosidad­e acéfala ou mesmo sinal da iminência de um negócio, a comunicaçã­o social se sinta compelida a investigar sobre a presença dela em França? Não precisamos, realmente. Mas conhecemos. A de De Ligt e as de cada vez mais estrelas, estrelinha­s e até pobres-diabos em quem alguma rapariga tenha encontrado a oportunida­de de uma boleia. Conhecemos-lhes os nomes, os rostos, os decotes, os refegos, as manias – tudo. E lamento-o. Primeiro, porque são precisas não sei quantas conquistas femininas para compensar os danos que uma só WAG provoca, desnudando-se no Instagram ou outra tontice qualquer, à causa da igualdade. E depois porque, independen­te da natureza de cada uma destas relações, o mínimo que se pode dizer sobre a atual tendência é que não serve de propaganda ao amor, entre figuras públicas e em geral. Gosto muito de mulheres e gosto muito de mulheres bonitas. Mas também por isso me custa tanto vê-las reduzidas a objetos decorativo­s. Eis aquilo em que se transforma­ram as ditas wifes and girlfriend­s: simples objetos de decoração sem – em regra – um só talento que não o de decorar. Sinal da força que o futebol tem como plataforma de marketing pessoal, mesmo para quem não saiba pontapear uma bola. Sinal do azar que os futebolist­as têm como homens: que trabalho deve dar, no meio deste ruído todo, encontrar um amor que nos pareça capaz de vencer a espuma dos dias.

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