Da francesinha até ao Dragão
Equipa da W52-FC Porto teve a habitual grande receção em Sobrado, foi ao museu e hoje sobe ao relvado
Os sete anos consecutivos de vitórias da equipa criada em Sobrado e quatro desde que se juntou ao FC Porto criaram uma série de celebrações que já são incontornáveis. João Rodrigues viveu-as todas
Depois da festa na Avenida dos Aliados, os ciclistas da W52-FC Porto jantaram e seguiram para Sobrado, onde tiveram a receção habitual: o camião que os levou só parou junto ao coreto da vila que viu a equipa nascer, entre uma chuva de aplausos; seguiu-se uma noite de euforia e muita bebida. Ontem, ainda de olhos meios cerrados, João Rodrigues e os colegas chegaram ao centro de Penafiel às 13h00, para comerem a francesinha no Royal, passo seguinte de um ritual criado em 2013 pelo manager Maximino Pereira e pelo qual já passaram Alejandro Marque, Gustavo Veloso, Rui Vinhas e Raúl Alarcón. Ontem tocou a vez ao mais novo do grupo de algarvios da equipa, que além de Ricardo Mestre e Samuel Caldeira, já inclui Daniel Mestre – “É alentejano, mas vive em Faro e treina connosco”, diz João Rodrigues, recordando a etapa de Bragança, onde Daniel o ajudou depois da queda coletiva, descobrindo-se depois que quem tinha uma costela partida era o sprinter. “Essa preocupação dele em ajudar mostra o nosso espírito de grupo”, diz João.
Comida a francesinha, a equipa passou para nova fase das celebrações, também já um hábito, por se tratar do quarto ano: ir ao Museu do FC Porto entregar a camisola amarela. Pinto da Costa, que aguardava a equipa, fez um discurso sentido: “Obrigado, não só pela vitória, porque de vitórias está este museu cheio, mas sim pela forma como o fizeram. Pude observar que, na adversidade, vocês foram sempre fantásticos. Esta camisola verde foi conquistada por um indivíduo que andou vários dias com uma costela fraturada; muitos não sabem o que isso é, mas eu sei, custava-me respirar, quanto mais andar de bicicleta. O vosso companheirismo, união e vontade de que o colega vencesse chegou a emocionar-me. Vi grandes atletas com capacidade e possibilidade de ganhar a Volta a vibrar quando o João o fez; para mim, foi bonito ver o abraço que todos deram.”
João Rodrigues, sempre calmo, respondeu a todos, deu entrevistas, lembrou a importância do diretor desportivo, Nuno Ribeiro – “É um estratega por natureza, impressionante, lê a corrida à frente de todos os outros; devo-lhe muito, mesmo muito” –, dedicou o triunfo aos “colegas e família” e hoje regressará ao Dragão, mas desta vez para subir ao relvado, vestido de amarelo, no intervalo do FC Porto-Krasnodar. Nos lábios levará o sorriso que lhe dura desde a tarde de domingo.