O Jogo

Devagar que tenho pressa

- Paulo Baldaia

A situação difícil que vive o FC Porto, agravada pela não entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões, exige que se pare para pensar. Antes de tomar decisões, no caso da administra­ção, e antes de “atirar pedras”, no caso dos sócios descontent­es. Do ponto de vista desportivo, saímos do topo da Champions como recordista­s em presenças na fase de grupos e dificilmen­te lá voltaremos a entrar, porque Real Madrid e Barcelona não ficarão de fora nunca mais. Sobre esta matéria não há nada a fazer. Do ponto de vista financeiro, a situação é grave mas o exercício só começou agora e só termina em junho do próximo ano.

Na verdade, a expectativ­a das receitas com as competiçõe­s europeias terá de ser muito reduzida, face aos mais de 60 milhões inscritos no orçamento. Mas se olharmos para o último exercício, que deu lucro e permitiu reduzir o passivo, vemos que entre as compras e as vendas dos jogadores houve um saldo negativo de 15 milhões de euros e esse saldo agora é positivo. A administra­ção vai ter de fazer, ainda assim, mais alguns milhões na venda de passes e uma poupança significat­iva na massa salarial. Não tenham pressa, porque o mercado vai fechar no final do mês, mas para se abdicar de ativos que podem ajudar a ganhar títulos só se forem muito bem vendidos e, para isso, o mercado de inverno ainda conta.

Na crónica que aqui escrevi há duas semanas, questionei-me se os reforços teriam “chegado a tempo para quem tinha de estar em pleno para atacar a Liga dos Campeões?”. Por uma questão de fé, acreditei que sim, mas o milagre não chegou. Falhámos e esse falhanço exige trabalho extra por parte da SAD e apoio redobrado por parte dos sócios e adeptos. Há um longo caminho a percorrer e muito trabalho para fazer na construção de uma equipa que permita discutir o campeonato, mas ainda é muito cedo para fazer uma avaliação definitiva de cada um dos reforços. Marchesin já é uma certeza, bem como Luis Diáz, Nakajima e Zé Luís; Marcano e Saravia têm de mostrar mais e Uribe é um jogador de quem se espera muito. Há ainda os “putos” em que é preciso apostar, porque são eles o futuro desportivo e financeiro do Futebol Clube do Porto.

É claro que o direito à crítica assiste a todos os sócios e adeptos do clube, seja ela justa ou injusta, sendo certo que quando a equipa perde e volta a perder mais engrossa a legião dos descontent­es. A legitimida­de da crítica não advém da justiça dessa mesma crítica, mas do propósito de melhor servir o clube. Para isso, é preciso que os “pinta paredes” saibam que acrescenta­r instabilid­ade em nada ajuda a chegar às vitórias que todos os adeptos, equipa técnica, jogadores e administra­dores desejam. Não precisamos de pensar todos da mesma maneira, nem ninguém tem de se calar. Basta que cada um diga o que pensa sobre a melhor forma de honrar a grandeza do Futebol Clube do Porto.

Regressamo­s às vitórias e agora o que se espera é que elas venham umas atrás das outras. Já no próximo sábado, para mostrar que têm de contar connosco nas contas do título.

“Regressámo­s às vitórias e agora o que se espera é que elas venham umas atrás das outras. Já no próximo sábado...

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Dragão do Sul

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