O Jogo

BOCA E FLA QUEBRAMO PARADIGMA

IMPORTAÇÃO Finanças invejáveis e infraestru­turas de primeira linha lançaram gigantes sul-americanos no ataque ao “proibitivo” mercado europeu

- DUARTE TORNESI FEDERICO DEL RIO

Sucesso das apostas em De Rossi, Pablo Marí e até mesmo em Jorge Jesus pode ditar nova tendência na América do Sul. Sem os mesmos meios dos rivais, São Paulo arriscou tudo na contrataçã­o de Juanfran

De Rossi no Boca Juniors, Pablo Marí no Flamengo e Juanfran no São Paulo. A perspetiva de jogadores europeus oriundos de mercados “proibitivo­s” mostrarem a sua classe nos relvados brasileiro­s ou argentinos foi sempre encarada como uma miragem, mas uma elite (bem) restrita começa a romperesse­paradigma.Embalados por vendas milionária­s e políticas que visam explorar o potencial das marcas junto de universos de milhões de adeptos, Boca e Flamengo cresceram ao ponto de se tornarem sérios concorrent­es dos EUA e da China como destinos apelativos para craques europeus, um fenómeno ainda inacessíve­l para a grande maioria dos clubes da América do Sul.

O caso argentino é sintomátic­o. Num país assolado por uma grave crise financeira, onde a galopante desvaloriz­ação do peso em relação ao dólar asfixia os clubes no mercado, o Boca soube contrariar o fatalismo local. “A chegada de De Rossi é consequênc­ia de um trabalho que iniciámos há anos. Podemos ter o melhor plantel do continente americano porque temos uma estrutura que funciona com esse objetivo”, afirmou Christian Gribaudo, secretário-geral do Boca, a O JOGO. O sonho do italiano em vestir a camisola azul e amarela já era antigo, masodirige­ntexeneize garantiu que a concretiza­ção do negócio só foi possível pela infraestru­tura de “primeira linha” oferecida ao jogador. “De Rossi mostrou os seus valores ao aceitar o Boca, que também conseguiu mostrar o que tem de melhor. Somos o único clube da Argentina com capacidade para contratar estrelas europeias porque damos segurança a nível desportivo, económico e estrutural aos jogadores”, explicou.

Juanfran foi tomada de força do São Paulo

No Brasil há espaço para mais clientes de produtos de luxo provenient­es do Velho Continente. Fazendo jus ao estatuto de maior potência financeira do país, que reparte com o Palmeiras, o Flamengo utilizou boa parte das receitas televisiva­s (as maiores do Brasi

Elite restrita almeja lutar com EUA e China, mas esta aposta ainda é um luxo para a maioria dos clubes sulamerica­nos

leirão), de patrocínio e de vendas de jogadores para colocar em prática um ambicioso projeto financeiro que lhe permitiu pagar o elevado salário de Jorge Jesus, de agarrar Pablo Marí e de chegar bem perto de agitar o país com a contrataçã­o de Balotelli, a quem terá oferecido um salário de 300 mil euros por mês. “O Flamengo tem muita lenha para queimar e pode embarcar, sem problemas, nesta nova aventura. Tem uma marca muito forte e apercebeu-se disso a tempo”, explicou Rodrigo Capelo, jornalista do portal “Globoespor­te” especializ­ado em finanças dos clubes, ao nosso jornal.

Com a intenção de não perder o comboio e à boleia da aposta em Dani Alves, o dono do maior salário do Brasil (332 mil euros por mês), o São Paulo tomou a posição de força de contratar Juanfran com o intuito de provocar uma reação em cadeia ao nível de receitas:

CARIOCAS OFERECERAM UM SALÁRIO DE 300 MIL EUROS

MENSAIS A BALOTELLI, MAS ESTE OPTOU POR FICAR NA EUROPA

suscitar euforia nos adeptos, aumentar o preço dos bilhetes e ter a devida recompensa ao nível da venda de merchandis­ing. “O São Paulo não tem a força financeira dos rivais. É uma estratégia ambiciosa de Diego Lugano [diretor de relações internacio­nais] apoiada pelo presidente, que só tem maisumanod­emandatoep­recisa mostrar serviço. Mostraram que estão vivos e que querem subir para um patamar mais alto”, garantiu Capelo.

“A chegada de De Rossi é consequênc­ia de um trabalho de anos. Podemos ter o melhor plantel do continente porque temos uma estrutura que funciona com esse objetivo” Christian Gribaudo Secretário-geral do Boca Juniors “O Flamengo tem muita lenha para queimar e pode embarcar, sem problemas, nesta nova aventura. Tem uma marca forte” Rodrigo Capelo Jornalista do Globoespor­te

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