Não é fácil refazer uma equipa em quatro semanas
1 A eliminação do FC Porto pelo Krasnodar, que traz uma série de consequências desagradáveis para o clube, não é um problema de agora, mas é um problema que começou a desenhar-se a meio da última época. O FC Porto foi capaz de, há duas temporadas, quebrar a hegemonia do Benfica, tirar-lhe a possibilidade de conquistar o penta, e ganhar esse campeonato foi de uma importância vital, sob vários aspetos. E Sérgio Conceição conseguiu esse título contra todas as expectativas, antes de mais porque partiu com uma equipa sem grandes contratações, aproveitando praticamente só os jogadores que regressaram ao clube depois de empréstimos. Conseguiu esse campeonato com muito mérito, com um grande trabalho, iniciando ao mesmo tempo a regeneração necessária de uma equipa que não vencia nada há quatro anos. O FC Porto partiu para o segundo ano de Sérgio Conceição com os mesmos jogadores e mais uma novidade, Militão, que seria uma das figuras da equipa. E quando a meio da época o FC Porto levava uma vantagem de sete pontos sobre o Benfica, pensouse, naturalmente, que ia conseguir mais um título. Infelizmente para os portistas, a equipa tornou-se numa desilusão, perdeu essa vantagem e não foi capaz de recuperá-la. Lutou até ao fim pelo título, é verdade, mas o Benfica foi superior nesse período. No início desta época, o FC Porto perdeu jogadores-chave. Militão, Felipe, Herrera, Brahimi, Iker Casillas. Por razões estratégicas e necessárias, o clube vendeu dois dos jogadores, Felipe e Militão; Casillas teve um problema grave de saúde, Herrera e Brahimi saíram sem custos para quem os comprou. O que quero dizer com isto é que o FC Porto teve neste início de época de refazer uma equipa, e não é fácil, seja no FC Porto seja em qualquer equipa do mundo, refazer uma equipa em quatro semanas. Essa questão está diretamente relacionada com este mau início de época. Enquanto o Benfica só perdeu João Félix e foi buscar mais alguns miúdos, dentro de um quadro mental muito favorável, o FC Porto iniciou a época sob um quadro traumatizante e do qual ainda não está refeito. Perdeu em Barcelos inesperadamente, embora muito do mérito tenha de ser dado ao Gil Vicente, que foi capaz de criar muitos problemas, e a derrota com o Krasnodar começa num golo aos dois minutos que abriu um livro de preocupações difícil de fechar nesse jogo. Ainda assim, a reação do FC Porto na segunda parte, em que só lhe faltou felicidade, deixa perceber que a equipa tem condições para voltar a ser muito forte. Quem faz uma segunda parte como essa com o Krasnodar tem de acreditar que é possível voltar a ter a força e lutar por títulos. Precisa de tempo que, às vezes, é difícil arranjar no futebol. E paciência! 2 O Braga e o V. Guimarães tiveram uma boa representação na Liga Europa. O Braga eliminou uma equipa que já foi grande na Europa, o Brondby, com um resultado gordo na primeira mão que foi um primeiro sinal de superioridade. Vejamos o que nos reserva os jogos com o Spartak de Moscovo, que é uma equipa com um nível superior aos dinamarqueses e muito habituada ás competições europeias; o V. Guimarães teve de passar duas eliminatórias para chegar ao play off e passou-as com distinção, embora com equipas acessíveis, mas temos muitos exemplos de equipas acessíveis que se tornaram grandes surpresas. Agora vem um adversário mais complicado, o Steaua de Bucareste, que não deixará de ser uma motivação extra para os jogadores vitorianos que, acredito, vão dar uma alegria aos seu adeptos.
Enquanto o Benfica só perdeu João Félix e foi buscar mais alguns miúdos, o FC Porto iniciou a época sob um quadro traumatizante