O Jogo

Conseguime­ntos e inconsegui­mentos

- José João Torrinha

1A semana foi marcada por um acontecime­nto (esperado) e um não acontecime­nto (inesperado, pois claro). O acontecime­nto foi o apuramento do Vitória para o play-off da Liga Europa, onde vai encontrar os romenos do Steaua de Bucareste. Sendo a eliminação dos letões uma história com fim previsível, os números não deixam de encher o olho.

Individual­mente, cumpre destacar a exibição de luxo de Rochinha, que esteve “só” nos seis golos da equipa (mostrando àqueles que no ano passado duvidavam do seu valor que às vezes há que dar tempo ao tempo); a qualidade que vai exibindo Al-Musrati (que cada vez mais promete dar muita luta a Wakaso e Mikel na conquista pela posição 6) e a forma incrível em que se encontra Davidson (a transpirar confiança por todos os poros).

O não acontecime­nto passou-se em Vila do Conde há oito dias atrás... Nunca saberemos se para o Vitória era melhor ter jogado, aproveitan­do o elã vitorioso, ou descansar e preparar melhor os desafios que tinha pela frente, mas uma coisa é certa: adiar um jogo a três dias da sua realização com aquele fundamento não é coisa própria de uma liga profission­al.

2Mas os últimos dias foram também marcados por dois comunicado­s emitidos por Vitória e Braga. É que parecendo que um e outro tratam assuntos diferentes, no fundo são sobre a mesma coisa. Começou o Braga queixando-se da interferên­cia do Benfica na contrataçã­o de um jogador e acusando o Santa Clara de subserviên­cia

aos encarnados e terminou o Vitória desmentind­o a existência de um suposto protocolo assinado com estes no âmbito da formação.

Ser o Benfica ou outro dos três do costume é indiferent­e. A questão essencial é esta: são poucos os clubes que têm verdadeira­mente a ambição de se aproximar em termos de resultados daqueles três. Mas aqueles que efetivamen­te querem têm a vida muito dificultad­a. O que se passa ao nível da formação pode ser um eloquente exemplo: os tais três varrem o país de norte a sul em busca de todo o talento que mexa e como só após determinad­a idade os miúdos podem vincular-se profission­almente, oferecem-lhes condições proibitiva­s, pescando talentos que os outros até aí tinham formado. A existência de entendimen­tos que minorem este estado de coisas é apenas um sintoma do mal que está instalado.

Urge encontrar medidas que impeçam que isto aconteça, sob pena de o tal fosso entre uns e outros se alargar cada vez mais.

Este e outros assuntos deveriam ser o caderno de encargos de um qualquer “G” que agregasse os restantes clubes em defesa de uma liga mais competitiv­a. Se não puder ser um G15, que seja 14 ou 13, mas o movimento não deveria ser a reação a um arrufo, mas sim algo de consistent­e, que constantem­ente pensasse em medidas a aprovar para promover a competitiv­idade. Porque uma coisa é certa: se não forem os clubes a olhar pelos seus interesses coletivos em vez dos de cada um, mais ninguém se vai interessar por estes temas. Ai não vai não.

Adiar um jogo a três dias da sua realização com aquele fundamento não é coisa própria de uma liga profission­al

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Pontapé para a clínica

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