O Jogo

SENTIDO ÚNICO

BERNARDO, RONALDO E GUEDES DERAM EXPRESSÃO AO DOMÍNIO TOTAL DO CAMPEÃO EUROPEU

- Textos FILIPE ALEXANDRE DIAS

Ucranianos também ganharam e na segunda-feira há jogo decisivo em Kiev

CR7 artístico descansou as bancadas e permitiu pensar no passo seguinte. Luxemburgo trouxe o autocarro, defendendo com uma linha de seis elementos, mas, a espaços, o talento luso resolveu

A nação em chuteiras vestiuse para ir ontem a Alvalade bater o Luxemburgo e nem levou a melhor indumentár­ia, mas sempre exibiu um chapéu lustroso, cortesia de Cristiano Ronaldo, que lá deu a dignidade e o toque de charme à vitória que deixa Portugal mais perto de poder qualificar-se para o Europeu na Ucrânia, já na próxima segunda-feira. O triunfo foi indiscutív­el, perante uma equipa ex-perna de pau. Faltou alguma centelha, mas foi competente ainda assim.

Portugal entrou com tudo: mais bola, mais iniciativa, maior agressivid­ade e rapidez na movimentaç­ão e circulação, colocando a defensiva luxemburgu­esa em apuros durante os primeiros instantes do desafio. Cristiano Ronaldo deixou um aviso logo aos 2’ e o adversário não respirava, esboçando apenas saídas rápidas, mas infrutífer­as, muito por ação do veloz Gerson Rodrigues. Sem que Portugal faturasse logo de entrada, o Luxemburgo mostrou então o autocarro de elevadas dimensões que trazia. Disposto em 4x5x1, o esquadrão de Luc Holtz fechava-se defensivam­ente com seis elementos na última linha, deixando claro que a turma das Quinas teria alguma montanha a escalar – o espaço parecia esquálido. João Félix tentou então a sorte de longe (12’) e esboçou logo a seguir a vantagem, até que, aos 16’, Nélson Semedo originou a vantagem que Bernardo Silva garantiu. Portugal apostou e bem na velocidade e as fragilidad­es alheias ficaram, ato contínuo, expostas.

Por cima em tudo, Portugal passou a lutar contra o seu próprio relaxament­o e ficou a perceber que o opositor tinha dentes na boca, quando sofreu duas mordidelas suaves, sempre pelo lado direito da defesa da casa. Era claro que os luxemburgu­eses não eram meros figurantes no filme, mas careciam de frieza na definição – Vincent Thill era o jogador mais dos visitantes. Sem criar muito perigo, a formação das Quinas carregava e investia mais sobre o último terço contrário com o cair da etapa primeira, mas perdia rasgo e até nexo.

Para a segunda parte, só o Luxemburgo mexeu com a entrada de Sinani, mas Portugal atirou-se em fúria sobre o adversário. Com Bruno Fernandes mais dentro da partida, a turma nacional ameaçou Moris ao gerar várias torrentes atacantes, mas sempre a errar na pontaria. Além disso, a equipa de Fernando Santos não conseguia penetrar na área – a vantagem magra começava a lançar ondas de inquietude sobre as bancadas. Foi então graças a um erro individual do central luxemburgu­ês Chanot que a ratice e a classe de Ronaldo deram a sua facada no jogo, ampliando a vantagem portuguesa e descansand­o as hostes nacionais. Estava assim conquistad­o o espaço para pensar na Ucrânia.

A um quarto de hora do final, Fernando Santos trocou Bernardo Silva por Gonçalo Guedes, mas nos últimos dez minutos o Luxemburgo teve mais bola do que nunca antes na partida, embora sem gerar verdadeira­s situações de perigo. Portugal ganhou bem, como devia. Agora, tudo se pode resolver a Leste.

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João Félix perseguido por luxemburgu­eses
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