SENTIDO ÚNICO
BERNARDO, RONALDO E GUEDES DERAM EXPRESSÃO AO DOMÍNIO TOTAL DO CAMPEÃO EUROPEU
Ucranianos também ganharam e na segunda-feira há jogo decisivo em Kiev
CR7 artístico descansou as bancadas e permitiu pensar no passo seguinte. Luxemburgo trouxe o autocarro, defendendo com uma linha de seis elementos, mas, a espaços, o talento luso resolveu
A nação em chuteiras vestiuse para ir ontem a Alvalade bater o Luxemburgo e nem levou a melhor indumentária, mas sempre exibiu um chapéu lustroso, cortesia de Cristiano Ronaldo, que lá deu a dignidade e o toque de charme à vitória que deixa Portugal mais perto de poder qualificar-se para o Europeu na Ucrânia, já na próxima segunda-feira. O triunfo foi indiscutível, perante uma equipa ex-perna de pau. Faltou alguma centelha, mas foi competente ainda assim.
Portugal entrou com tudo: mais bola, mais iniciativa, maior agressividade e rapidez na movimentação e circulação, colocando a defensiva luxemburguesa em apuros durante os primeiros instantes do desafio. Cristiano Ronaldo deixou um aviso logo aos 2’ e o adversário não respirava, esboçando apenas saídas rápidas, mas infrutíferas, muito por ação do veloz Gerson Rodrigues. Sem que Portugal faturasse logo de entrada, o Luxemburgo mostrou então o autocarro de elevadas dimensões que trazia. Disposto em 4x5x1, o esquadrão de Luc Holtz fechava-se defensivamente com seis elementos na última linha, deixando claro que a turma das Quinas teria alguma montanha a escalar – o espaço parecia esquálido. João Félix tentou então a sorte de longe (12’) e esboçou logo a seguir a vantagem, até que, aos 16’, Nélson Semedo originou a vantagem que Bernardo Silva garantiu. Portugal apostou e bem na velocidade e as fragilidades alheias ficaram, ato contínuo, expostas.
Por cima em tudo, Portugal passou a lutar contra o seu próprio relaxamento e ficou a perceber que o opositor tinha dentes na boca, quando sofreu duas mordidelas suaves, sempre pelo lado direito da defesa da casa. Era claro que os luxemburgueses não eram meros figurantes no filme, mas careciam de frieza na definição – Vincent Thill era o jogador mais dos visitantes. Sem criar muito perigo, a formação das Quinas carregava e investia mais sobre o último terço contrário com o cair da etapa primeira, mas perdia rasgo e até nexo.
Para a segunda parte, só o Luxemburgo mexeu com a entrada de Sinani, mas Portugal atirou-se em fúria sobre o adversário. Com Bruno Fernandes mais dentro da partida, a turma nacional ameaçou Moris ao gerar várias torrentes atacantes, mas sempre a errar na pontaria. Além disso, a equipa de Fernando Santos não conseguia penetrar na área – a vantagem magra começava a lançar ondas de inquietude sobre as bancadas. Foi então graças a um erro individual do central luxemburguês Chanot que a ratice e a classe de Ronaldo deram a sua facada no jogo, ampliando a vantagem portuguesa e descansando as hostes nacionais. Estava assim conquistado o espaço para pensar na Ucrânia.
A um quarto de hora do final, Fernando Santos trocou Bernardo Silva por Gonçalo Guedes, mas nos últimos dez minutos o Luxemburgo teve mais bola do que nunca antes na partida, embora sem gerar verdadeiras situações de perigo. Portugal ganhou bem, como devia. Agora, tudo se pode resolver a Leste.