Ofensiva turca chega a relvados italianos
Demiral, ex-jogador do Sporting e atualmente na Juventus, apoia a ação militar de Erdogan, assim como o romano Cengiz Under
A ação militar da Turquia na Síria, que visa os curdos, alastrou-se a Itália por conta das intervenções públicas de pelos menos dois jogadores, que apoiaram Erdogan, presidente turco
Merih Demiral, central turco que passou discretamente pelo Sporting e que este ano chegou à Juventus, usou as redes sociais para expressar apoio público à ação militar da Turquia contra os curdos em território sírio. “A Turquia tem 911 quilómetros de fronteira com a Síria. Este é um corredor de terroristas. O PKK e o YPG [partido dos trabalhadores curdos e organização armada de proteção popular no Curdistão sírio, respetivamente] foram responsáveis pela morte de cerca de 40 mil pessoas, incluindo mulheres, crianças e recémnascidos. A missão da Turquia é impedir a criação de um corredor terrorista nas nossas fronteiras do sul e trazer dois milhões de sírios de volta a territórios seguros”, escreveu Demiral, com a foto de um soldado a ilustrar a mensagem de apoio à decisão tomada pelo presidente Recep Tayyip Erdogan. Como seria de esperar, a publicação patriótica do jogador gerou reações díspares, entre apoio e condenação, num assunto delicado que tem dominado a atenção internacional numa zona altamente sensível do globo. Ontem, o presidente norte-americano, Donald Trump, ofereceu-se para mediar o conflito e encontrar uma solução negociada, isto depois das críticas que viram no silêncio inicial uma espécie de luz verde para a ação turca.
Mas, voltando às réplicas futebolísticas, concretamente em Itália, além de Demiral, também Cengiz Under, avançando que pertence à Roma treinada por Paulo Fonseca, resolveu tomar partido. A ilustrar uma foto sua com a camisola romana, numa saudação militar, gesto que já lhe valera alguns reparos, Under não disse muito, mas deixou a entender o suficiente ao juntar três bandeiras da Turquia. Ora, Giuseppe Falcão – filho de Falcão, figura da Roma nos anos 80 – não gostou. “A cabeça dos jogadores só serve para ter cabelo”, criticou. E deixou a Cegiz Under um conselho. “Da próxima vez que fizeres uma coisa destas, despe a camisola.” Já Claudio Marchisio, exjogador da Juventus, considerou “vergonhoso” o bombardeamento turco. “Seremos todos responsáveis por cada vítima”, lamentou.