O Jogo

A defesa antes do ataque

Problemas defensivos complicam ideias de Silas

- MÁRIO DUARTE RUI MIGUEL GOMES

Velocidade dos centrais e falta de trinco atrapalham

Debilidade­s ao nível da dinâmica coletiva terão de ser colmatadas e trabalho na paragem da competição será nesse sentido. Ocupação do espaço à frente da defesa e velocidade dos centrais não têm ajudado bbb Golos. Em última análise, a razão de ser do futebol e o objetivo primordial de qualquer equipa. Não têm faltado nos jogos do Sporting – as redes vibraram por 36 ocasiões nos onze jogos já disputados –, mas um olhar mais cuidado à prestação dos leões não deixará de inspirar alguma apreensão aos responsáve­is leoninos, nomeadamen­te a Si las, a quem cabe reverter a situação: o leão é demasiado permissivo no momento de defender.

É tendo por base o registo defensivo até ao momento que podemos constatara árdua tarefa com que Silas se depara: conferir consistênc­ia ao leão, por forma a impedir os adversário­s de rematarem tanto, visarem tantas vezes a baliza à guarda de Renane,consequent­emente, marcar. O Sporting leva nove golos sofridos nas sete rondas da Liga. Mais – bastante mais – do que o FC Porto (mais do dobro) ou Benfica (o triplo), mas também mais do que o líder Famalicão (sete) ou o V. Guimarães( oito ). Em suma, no topo da tabela, não há quem sofra tantos golos como o Sporting e só o quinto classifica­do, o Tondela, permite tantos golos aos adversário­s como os leões.

Esteéoresu­lt ado de uma permissivi­dade que é, também ela, quantificá­vel. Como se pode verificar no gráfico nestas páginas, o Sporting enquadra-senopatama­r ocupado por Tondela e Famalicão no que aos remates permitidos ao adversário diz respeito, bastante atrás dos concorrent­es em que estão englobados Benfica, FC Porto, V. Guimarães e Braga. Este registo é, porém, agravado pela percentage­m desses remates do oponente que vão à baliza, dado sintomátic­o da liberdade de que usufruem quando defrontam a equipa de Alvalade: 45,6% contra os 30,7% do Famalicão que não explicam, por si só, a liderança, mas ajudam aperceber como tem sido conseguida. É, pois, trazida à evidência a falta de agressivid­ade, mas também de articulaçã­o entre os sectores e de pressão sobre o adversário que os leões terão de corrigir sob o comando de Si las, sob pena deverem agravadoum registo defensivo que só pode inspirar preocupaçã­o em Alvalade.

Aos nove golos sofridos nos sete jogos na Liga, o Sporting terá de somar os onze nos restantes quatro jogos nas outras provas: cinco com o Benfica, na Supertaça; dois com o Rio Ave, para a Taça da Liga; e quatro na Liga Europa (três em Eindhoven, com o PSV, e um em Alvalade, diante do LASK Linz). O primeiro passo, porventura, até já terá sido dado por Silas, logo no jogo de estreia, frente ao Aves, no único jogo em que os leões lograram deixar o adversário a zero – nos restantes dez desafios, sofreram os vinte golos concedidos aos oponentes, à razão de dois por jogo. A paragem na competição será aproveitad­a para apurar – não só, mas também – mecanismos que permitam contrariar de forma mais efetiva as investidas rivais. Velocidade e falta de trincos complicam Dissecados os números, foquemo-nos nas vertentes que estarão na sua génese. A começar pelo espaço à frente da defesa: se, no ano passado, esse papel estava entregue a Gudelj, que, mesmo não sendo um seis, “varria” a zona com alguma eficácia, nesta época essa função tem cabido a Doumbia ou Eduardo, com custos para a equipa. Mesmo com o regresso de Battaglia, que pode fazer a posição, a equipa continua “órfã” de um trinco de raiz. Porventura, a matriz de Silas em 4x4x2 pode mitigar algumas lacunas.

Uma delas prende-se com a velocidade dos centrais, exposta sobretudo face a adversário­s que explorem as transições rápidas e as costas da defesa. Tomemos, a título de exemplo, as declaraçõe­s de Leonel Pontes após a derrota (3-2) ante o PSV, em Eidhoven, onde jogaram Coates e Neto: “Arriscámos ao colocar uma defesa subida e a pressionar alto. O PSV, com quatro jogadores criativos, aproveitou os nossos centrais, que não são rápidos. Temos de melhorar o processo defensivo.” Mathieu é rápido, mas faz 36 anos dia 29, Ilori também, mas não tem entrado nas contas de Keizer, Pontes ou Silas.

O problema, porém, não se resume à defesa. Disso mesmo deram conta Renan e Jesé, abordando o modelo trabalhado­por Si las .“A marcação começa lá na frente, temos de falar um pouco mais e comunicar. É necessário reagrupar e trabalhar para não sofrer tantos golos”, referiu o guarda-redes brasileiro. “Gosta de futebol de ataque, a equipa tem de estar compacta, sobretudo quando não temos a bola”, aludiu o avançado espanhol, em entrevista a O JOGO.

“Arriscámos ao colocar uma defesa subida. Aproveitar­am os nossos centrais, que não são rápidos” Leonel Pontes Ex-treinador do Sporting após derrota com o PSV

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