O Jogo

“PEP GUARDIOLA TIN HA DE GANHAR MAIS EU" DO QUE

Duas épocas e meia no clube catalão com tempo para ganhar títulos e para ser o recordista de vendas de camisolas, entre tantos craques

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“O sr. Minguella teve acesso a todos os documentos e ficou a saber quanto eu ganhava”

“O primeiro ano foi muito bom. As minhas exibições acabaram por calar todos aqueles que tentaram denegrir-me”

“Ganhei rapidament­e o carinho dos adeptos do Barcelona”

“Nunca irei esquecer o carinho dos adeptos do FC Porto no dia do meu regresso”

Na altura, 1996, foi a transferên­cia mais cara de um guarda-redes. Barcelona foi a única experiênci­a de Baía no estrangeir­o; esteve muito perto do AC Milan, mas, entretanto, surgiu o FC Porto

Transferiu-se em 1996 para Barcelona por uma verba que quebrou recordes a nível de guarda-redes; as coisas começaram bem, mas descambara­m e Baía, que tinha o Milan interessad­o, preferiu voltar ao seu FC Porto.

Arrependeu-se em algum momento de ter aceitado o convite do Barcelona?

—Não me arrependo de ter ido para o Barcelona, arrependo-me apenas de não ter experiment­ado outros clubes e outras realidades, outras culturas. Barcelona foi extraodiná­rio para mim. Uma experiênci­a maravilhos­a. Chegar a um clube com aquela dimensão e em pouco tempo vender mais camisolas do que todos os outros craques, e eram grandes nomes do futebol mundial, foi excecional e deixou-me muito orgulhoso. Era ainda muito jovem e passei a ser o mais acarinhado.

Custou-lhe muito a adaptação?

—Adaptei-me bem, porque sou português e os portuguese­s têm uma grande facilidade de adaptação. Não é apenas uma frase para fazer bem ao nosso ego, é a realidade. O meu principal problema ali foi o meu empresário, Luciano D’Onofrio, ter delegado tudo noutro empresário, o sr. Minguella, toda a documentaç­ão.

Conte lá essa história...

—O Minguella era o empresário do Guardiola e de outros valores do Barcelona. A meio da época, ele teve a noção de quanto eu ganhava e fez a comparação com os jogadores que representa­va. Houve uma campanha tremenda contra mim, não por causa das minhas exibições, mas por causa do que eu ganhava. Guardiola tinha de ganhar mais do que eu...

Foi difícil ultrapassa­r esse momento?

—Bem, foi numa altura complicada, em março, e tivemos um jogo com o Atlético Madrid (5-4) que não me favoreceu. As minhas exibições acabaram por calar aqueles que tanto tentara m denegrir-mee acabei por vencer essa campanha. Em quatro competiçõe­s, ganhámos três, perdemos o título na penúltima jornada

A segunda época foi mais difícil...

—No segundo ano, tive outros problemas, aí sim. O sr. Robson, que era fantástico como pessoa e como treinador, saiu, veio outro, no caso, o Van Gaal. No início da época, ele teve uma conversa comigo e com os outros dois guardarede­s, o Ruud Hesp e o Arnau. Disse-nos que eu seria o número um. Uma semana antes de o campeonato começar, tive uma lesão grave. Estive oito meses a recuperar da lesão e foram tempos muito complicado­s, de grande esforço e de grande necessidad­e de superação. Quando voltei a jogar, ainda não estava totalmente recuperado... São coisas que não se explicam. Ainda não estava bem, mas tinha uma vontade de jogar, contra as próprias limitações físicas. Acho que era o ADN do FC Porto, de antes quebrar que torcer.

Mas o seu regresso nessa época não correu muito bem...

Como lhe disse, não estava bem fisicament­e, fui para um jogo com o Dínamo de Kiev, da Champions, e estive mal. Ganharam-me uma bola de cabeça onde eu devia chegar com as mãos, que foi uma coisa que não me lembro de outra igual. E o resto do jogo correu muito mal. Perdemos 4-1, foi mau.

E acabou por aí a temporada?...

—Ainda fiz dois jogos no campeonato e fui campeão. Achámos melhor procurar outras alternativ­as. Surgiu o AC Milan, mas surgiu também o FC Porto e, aí, não hesitei, regressar passou a ser a minha palavra de ordem.

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