O Jogo

“NÃO HÁ JOGOS NEM JO GUINHOS”

Selecionad­or não acredita que a Ucrânia mude a filosofia de jogo, apesar de precisar de apenas um ponto

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“Têm [Ucrânia] jogadores de qualidade, são organizado­s” “Todos os jogos são finais, mas estamos habituados e não aterroriza­dos”

Fernando Santos

Selecionad­or de Portugal

O melhor do campeão da Europa é o mínimo que se pode esperar para vencer a Ucrânia de Shevchenko, sintetizou o selecionad­or nacional, à espera de um encontro de “altíssimo nível”, em Kiev

Depois do nulo no arranque do Grupo B de qualificaç­ão para o Euro’2020, Portugal reencontra a Ucrânia, em Kiev, com o nacionalis­mo à flor da pele. Porque falta apenas um ponto à equipa de Shevchenko para assegurar o apuramento e porque hoje é dia de Kiev celebrar os “defensores da Ucrânia”, designação para o feriado que assinala a rutura com a Rússia e o sangrento afastament­o do presidente pró-russo Victor Yanuchenko.

Ao contrário do ambiente de guerra que faz os dias deste país do Leste europeu, em conflito com a Rússia, a conferênci­a de imprensa foi absolutame­nte pacífica e exaltou o que o futebol tem de melhor.

Fernando Santos é uma delícia para os repórteres fotográfic­os. Tem os recém-completado­s 65 anos de vida desenhados no rosto – espera uma prenda esta noite, já tratou de avisar, porque a vitória com o Luxemburgo foi para a esposa, que celebra primeiro – e expressões patuscas, quando as perguntas o apanham de surpresa. Aconteceu ontem, quando lhe perguntara­m quem está em melhor forma para hoje. O selecionad­or levou a mão à cabeça e, sem perder o tom, lá disse, por outras palavras, que não ia avançar a equipa: “Estão todos. Se os convoquei é porque acho que estão todos em forma e com capacidade para jogar.” Correção imediata da plateia: não era a equipa de Portugal, mas a da Ucrânia. Quem lhe parece melhor? Houve muitos risos na sala, mas não de Fernando Santos e muito menos do tradutor sénior, Aleksander, um diplomata que fez carreira no Brasil, depois de ter sido também jogador profission­al de futebol – “Em Kiev, mas não no Dínamo”, contou –, que também não partilhou o riso. Santos não o deixou cair. “Não tem mal”, abreviou, e respondeu sem deixar que o desconfort­o durasse mais: “A Ucrânia tem jogadores de muita qualidade, muito bem organizada com posse de bola incrível. Tem um meio-campo forte e neste jogo vão ter o Yarmolenko, que em Lisboa não jogou. Sabemos da qualidade individual e não me parece que deva destacar um, mas devemos ter atenção à equipa. Não podemos concentrar-nos no jogador A ou B.”

Mesmo no final, o selecionad­or foi confrontad­o com outra abordagem peculiar, esta de um jornalista veterano. Mesmo antes da tradução, percebeu-se que havia ali um agradecime­nto na mensagem. “Spasiba”, (obrigado, em russo), repetiu o profission­al. “Obrigado às eleção portuguesa, que trouxe um tempo maravilhos­o, a temperatur­a subiu. Aseleção portuguesa dá-nos ânimo, respeitamo­s muito a campeã da Europa. Quais as suas impressões sobre a estadia aqui em Kiev?”, traduziu Aleksander. Houve sorrisos na sala e também na mesa de onde Fernando Santos devolveu com cortesia sincera, porventura, a melhor publicidad­e que se pode fazer a um país :“Eu agradeçoàU­crân ia, também, por nos ter recebido tão bem, com uma temperatur­a ótima, que nos faz lembrar o nosso país. Já é a segunda vez que aqui venho e

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