ACKAH ABRE A PORTA DA CASA DOS SONHOS
É uma revelação no Bessa, num caminho iniciado nos juniores e que passou pela B. Está a aprender português e destaca a palavra “trabalho”
“Nervos? Quando entro em campo digo sempre que vou ganhar”
Yaw Ackah
Médio do Boavista
Em conversa com O JOGO, o médio ganês de 20 anos revela que o selecionador o vai observar e encara isso com a mesma serenidade e confiança que o trouxeram aqui: “Conheço-me, sei o que sou capaz de fazer.”
A conversa com O JOGO estava marcada para as 12h45 e a pontualidade não falhou. Descontraído, de t-shirt e calções, aproximou-se sorridente e apresentou-se: “Olá! Como se chama? Eu sou o Ackah.” Há um ano, o médio de 20 anos jogava na equipa B do Boavista, hoje deixa os adeptos rendidos, catapultado por uma estreia a titular, frente ao Sporting, que terminou mais cedo do que queria. Lito Vidigal dissera que a ansiedade potenciou as dores musculares. “Corri muito no meio-campo e comecei a sentir cãibras. Não podia mais, era o primeiro jogo. É trabalhar mais para isso deixar de acontecer, mas não estava nervoso”, disse entre risadas.
Com a infância e adolescência entre o Gana – onde nasceu –, Costa do Marfim e Itália, foi no Boavista que Yaw Ackah encontrou o que mais queria. “É um grande clube e uma casa para mim, estou muito feliz e grato ao Boavista”, explica Ackah, com as mãos no peito e os braços abertos para todos os funcionários do clube que com ele se cruzaram durante a entrevista. Chamaram-lhe “meu menino” e é uma das maiores esperanças do clube, cuja real dimensão o surpreendeu.Quandolheperguntámos se sentia essa responsabilidade, encontrámos um dos limites no português que Ackah estuda desde maio. Mas quando percebeu, a resposta foi perentória: a humildade não afeta a autoconfiança. “Nada. Quando entro em campo digo sempre ‘tu vais ganhar’. Sempre soube que se trabalhasse bem, poderia jogar na equipa principal, por isso, não fiquei surpreendido por já ter jogado na época passada.”
Quando enveredámos pelo “futebolês”, ficou mais fácil. “Trabalho muito e sou bom na marcação. Gosto de recuperar bolas e sinto-me bem a transportar jogo”, descreve-se o médio, que alimenta a esperança de convencer o selecionador do Gana, James Appiah. “No Gana, dizem-me que o treinador vai observar os meus jogos e acredito que posso chegar à seleção”, conclui.