O Jogo

LOUM: UM DESVIO NO CAMINHO DA EL EIÇÃO

MÉDIO-DEFENSIVO O senegalês foi um “8” no Bessa, mas o futuro é na posição “6”. É assim que Sérgio Conceição o vê e que as suas caracterís­ticas recomendam

- MANUEL CASACA

Danilo é imprescind­ível e adiou a afirmação do atleta de 22 anos. Mas elementos de equipas técnicas dos clubes que represento­u explicam a O JOGO que tem tudo para ser um trinco de referência

A estreia de Loum a titular na I Liga pelo FC Porto aconteceu a jogar como “8”, mas é a jogar na posição “6” que está condenado. Foi para esse lugar que Sérgio Conceição o aconselhou à SAD portista e é nesse lugar que elementos das equipas técnicas de Abel Ferreira (Braga) e Ivo Vieira (Moreirense), ouvidos por O JOGO, acreditam que mais poderá render, pelo facto de ter uma boa compleição física. A continuida­de de Danilo, aliada a uma lesão que lhe roubou várias semanas na parte final da pré-época, impediramo­aparecimen­tomais cedo, mas Conceição também não tem pressa em fazer dele titular. O treinador sempre o considerou uma opção de futuro e só o utilizou a “8” no Bessa, com o Boavista, pelo facto de Uribe estar castigado,

Sérgio Oliveira lesionado e Bruno Costa se sentir melhor num meio campo a três.

O plano já havia sido traçado por Sérgio Conceição em Braga, onde Loum chegou em 2015, depois de o então treinador dos arsenalist­as o ter descoberto no Mundial de Sub-20 desse ano. O técnico viu um dos cinco jogos que o senegalês fez como titular na competição e, segundo contou a O JOGO um elemento da equipa técnica dos bracarense­s que viria a trabalhar mais tarde com ele, percebeu que estava ali um jogador com um enorme potencial. Apesar de tudo, o começo da aventura em Portugal não foi o mais feliz. O médio chegou lesionado, pelo que a estreia pela equipa B do clube aconteceu apenas a 15 de agosto, contra o Gil Vicente, pela mão de Abel Ferreira. Foi sob o comando do atual treinador do PAOK, aliás, que o jogador de 22 anos começou a refinar as qualidades. Curiosamen­te, jogou como central, médiodefen­sivo e médio-interior, já que revelava uma boa capacidade para entender o que lhe pediam nas mais variadas posições. Para isso muito contribuiu a predisposi­ção para aprender português, causando uma boa imagem junto dos responsáve­is do clube da Cidade dos Arcebispos.

Face à evolução demonstrad­a em três épocas na equipa B, pela qual mostrou um futebol intenso, a SAD presidida por António Salvador manteve o plano de Conceição e, para não queimar etapa, emprestou-o ao Moreirense para que pudesse crescer, sobretudo no aspeto tático. A imaturidad­e que ainda revelava, porém, levou Ivo Vieira a optar por jogar com Fábio Pacheco como trinco,

Loum como “8”, e Chiquinho. Na base desta decisão, de acordo com um membro da equipa técnica dos “cónegos” na altura, esteve o facto de permitir esconder uma lacuna no capítulo do passe durante a primeira fase de construção. Por isso, o agora treinador do V. Guimarães aproveitou para corrigir-lhe alguns erros de posicionam­ento, equilíbrio­s defensivos e cobertura aos centrais. Mas todos notavam que estavam na presença de um jogador com um futebol intenso, com boa capacidade de construção e forte no jogo aéreo.

A evolução registada durante o empréstimo ao Moreirense correu tão bem que Loum já não voltou a Braga. Conceição apercebeu-se do cresciment­o e aconselhou a sua aquisição a meio da última temporada ao FC Porto, pelo qual ainda não teve possibilid­ade de mostrar um adas capacidade­s que entretanto desenvolve­u: o remate de for ada área. Aliás, quem o viu trabalhar diariament­e esse aspeto do jogo no passado até acredita que deveria arriscar mais vezes. No entanto, como ficou percetível no Bessa, contra o Boavista, em que falhou uma emenda no interior da área, pode (e deve) ainda melhorar a finalizaçã­o nos lances de bola parada, uma vez que a complexão física dá-lhe uma importante vantagem no futebol aéreo.

Quem trabalhou com Loum garante que tem evoluído taticament­e e que caminha para ser um “6” de excelência. As suas exibições podem ainda ganhar mais brilho se melhorar a finalizaçã­o nos lances aéreos e se tentar mais o remate de fora da área

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