INCUBADORA DE TALENTO E MILHÕES
Chega ao fim mais um ciclo das equipas B e o balanço global demonstra o impacto desportivo e financeiro para jogadores, clubes e seleções
Ao fim de sete anos, a aposta nas equipas B cimentou-se em motivos desportivos e financeiros – expostos aqui ao lado – pelo que se espera que seja para continuar no próximo ciclo que decorrerá de 2020 a 2022. FC Porto, Benfica têm os seus planos B na II Liga, enquanto Braga, V. Guimarães e Marítimo B competem no Campeonato de Portugal. Todos estão no projeto desde o início e só o Sporting desistiu. Entretanto, uma época depois, já tem o desejo de recuperar os bês, numa situação descrita no texto em baixo.
O JOGO fez as contas e, de 2012 a 2019, 457 dos 800 jogadores que passaram (uns mais intermitentes que outros) pelas equipas B chegaram à I Liga, mas este projeto tem-se mostrado muito mais do que uma simples plataforma de transição do futebol de formação para a vida profissional; ou um filtro para detetar quem tem o que é preciso para lá chegar. É uma autêntica incubadora de talento e milhões, expressa nos jogadores que ajudaram as seleções de todos os escalões a chegar a finais e a conquistar troféus, e nos 685 milhõesdeeuros(fonteTransfermarket) recebidos pelos clubes portugueses pelos passes de 64 futebolistas com histórico nas equipas B – em média, cada negócio fez-se por 11 milhões de euros. Aliás, a transferência de João Félix (31 jogos em duas épocas no Benfica B) para o Atlético de Madrid foi mesmo a mais alta de sempre do futebol nacional e os cinco “bês” mais caros que lhe precedem rumaram todos às cinco principais ligas europeias, antes de completarem 25 anos. Claro que as dificuldades que alguns atravessaram nos primeiros tempos dessas aventuras nos podem levar a questionar se as saídas não terão sido precoces. Contudo, o impacto que tiveram dentro de portas nos respetivos clubes foi evidente e a passagem pelas equipas B revelou-se como uma etapa importante, por permitir aos jovens manter o ritmo competitivo num contexto desafiante. Quanto às seleções, a pegada dos bês esteve em nove campeões europeus de 2016, em dez vencedores da Liga das Nações e noutra dezena que foi campeã europeia de sub-19 em 2018.
Um olhar ao quadro atual demonstra igualmente que este é um ciclo em plena rotação. Nos plantéis de FC Porto, Benfica, Braga, V. Guimarães e Marítimo, há 34 jogadores provenientes de equipas B – do clube atual ou de outro – e praticamente todos já foram utilizados esta época. Neste aproveitamento, sobressai o Vitória, que tem 13 futebolistas com a marca dos bês.