O Jogo

Todos somos poucos para acreditar na equipa

- José João Torrinha

Já se sabe que, para se ganhar um jogo, é preciso ter a cabecinha bem no sítio e as ideias arrumadas. Este ano, o Vitória entrou assim em terrenos bem complicado­s, onde facilmente se pode sucumbir ao poderio do adversário. E fê-lo sem complexos, tendo consciênci­a do seu valor, rubricando por isso exibições convincent­es.

O jogo da semana que passou era diferente. Jogávamos em casa e em disputa estava o dérbi com o rival, numa partida que podia cavar um fosso de sete pontos entre os emblemas. Não seria uma barreira definitiva, mas era-o o suficiente para ser mais um estímulo para vencer.

Infelizmen­te, todos os estímulos que rodearam a partida caíram mal na nossa equipa. E isso notou-se desde o momento em que o árbitro apitou pela primeira vez. O nervosismo (algo de pouco visto este ano) era percetível e trazia atrelada uma chusma de más decisões, passes transviado­s, perdas de bola pouco aceitáveis.

Ora, quando assim é, o jogo transforma-se num desastre à espera de acontecer. E assim foi. Tantas eram as vezes que perdíamos a bola em zona proibida, o que depois nos obrigava a levar com contra-ataques que, ou parávamos com faltas sucessivas, ou só paravam em lances de perigo para a nossa baliza.

Pior, do outro lado do campo pouco ou nada se incomodava o adversário. As nossas tentativas, mais desesperad­as do que convictas, não faziam qualquer mossa, e de oportunida­des de golo por aquelas bandas não havia sinal.

Neste enquadrame­nto, só nos restava confiar na sorte. E quem confia na sorte normalment­e trama-se, lei que aqui voltou a imperar.

Não há volta a dar-lhe: eles foram mais equipa. Tiveram mais cabeça e ideias mais arrumadas e ganharam bem. Fim de história.

Fim de história? Nem por isso. É normal que a seguir a um jogo frustrante surjam de imediato leituras mais ou menos catastrofi­stas. A essas, há que aconselhar calma. Sejamos claros: se analisarmo­s o campeonato todo, este jogo foi uma exceção à regra. Porque a regra tem sido a de que o Vitória tem estado melhor, a de que o Vitória tem praticado um melhor futebol do que quem nos venceu no domingo. Assim, porque convém distinguir bem entre a árvore e a floresta, convém desde já não deitar o bebé fora com a água do banho.

Por isso, nem devemos passar por cima do sucedido sem qualquer reflexão, nem tão-pouco pôr tudo o que construímo­s até aqui em causa. Há muito campeonato pela frente e a maioria dos nossos adversário­s ainda nos olha de baixo para cima.

Todos os vitorianos são poucos para acreditar na equipa e sobretudo para lhe dar a mão naqueles momentos mais difíceis e puxá-la para cima. Sempre assim foi e mesmo isso, no tal jogo frustrante, não veio ao de cima como noutras ocasiões.

Continuemo­s, pois, a acreditar. Pela minha parte, passada a azia da derrota, já só me apetece ver o Vitória a ganhar o próximo jogo.

O nervosismo, algo raro este ano, foi percetível e trouxe atrelada uma chusma de más decisões, com resultados muito maus

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Pontapé para a clínica

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